Alfredo Gaspar tenta se descolar da imagem de ter Renan Filho e Rui como “padrinhos”, mas "parceiros"

26/10/2020 10:44 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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A declaração data pelo candidato a prefeito de Maceió, Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB), em uma sabatina promovida pela TV Mar, das Organizações Arnon de Mello, mostra que o ex-chefe do Ministério Público Estadual (MPE) tenta passar uma imagem de independência, mesmo diante da ligação estreita com o prefeito Rui Palmeira (sem partido) e o governador Renan Filho (MDB).

Alfredo Gaspar quer passar a imagem de que não tem “padrinhos políticos”, mas sim parceiros. O problema é que Gaspar de Mendonça se encontra no MDB e o partido – queira ele ou não – é comandado com mão de ferro pelos Calheiros. Dentro do MDB, caso Alfredo Gaspar queira ter futuro político para além da disputa de agora, terá que ceder parte de sua dependência. No MDB é assim: a vontade dos Calheiros ou o processo ao qual está sendo submetido o vice-governador Luciano Barbosa (MDB).

É óbvio que Gaspar tem identidade própria. É visível, mesmo sem ter sido testado nas urnas, que possui uma densidade eleitoral considerável. O problema de Alfredo Gaspar de Mendonça é que seu nome e projetava, crescia, na fatia do eleitorado que queria reais mudanças em relação aos grupos políticos que dominam Alagoas. Ao receber o apoio das duas máquinas, a administração municipal e estadual, Alfredo Gaspar começa a ser questionado pelo eleitorado que mais estava próximo dele. 

Nesse sentido, precisa assumir o discurso que assumiu na sabatina da TV Mar. Nas entrelinhas, ele coloca que os apoios de Rui Palmeira e Renan Filho chegaram por gravidade e sem o comprometimento de sua independência, sendo eles “parceiros” e não “padrinhos”. É por isso que ele afirma: “o meu CPF é diferente de qualquer outra pessoa”. Agora, é complicado acreditar que o senador Rena Calheiros abriria as portas do MDB para alguém tão independente assim.

É verdade, o CPF dele é diferente do de Renan Filho e do de Rui Palmeira, mas Gaspar de Mendonça não estaria no MDB se – em futuro próximo – não houvesse algum compromisso que, pelo menos, envolve 2022. 

Se isso irá influir em uma administração futura de Alfredo Gaspar de Mendonça ou não, bem...aí é com a História caso ele seja eleito. O fato é que ter o apoio das duas máquinas traz ônus e bônus, assim como é natural que traga a desconfiança de uma parcela do eleitorado que enxergava em Mendonça o “diferente de tudo que se encontra aí”. É por saber dessa fatia que o candidato emedebista responde da seguinte forma, ao ser indagado sobre essas alianças:

"O meu CPF é diferente de qualquer outra pessoa. A adoção dos princípios da minha gestão terá a minha identidade. E o governador e o prefeito não são padrinhos, mas parceiros. Na minha jornada de vida, sempre penso que a convergência em prol da cidade faz os problemas serem resolvidos de forma mais rápida. Com o Governo, vamos buscar implantar projeto de pavimentação e a construção de 20 policlínicas. Também vamos em busca de diálogo com o Governo Federal. O governador e o prefeito me apoiam pela minha história e pela minha autonomia".

Alfredo Gaspar ainda tentou virar o jogo, acusando adversários de esconderem aliados políticos. Faz sentido o apontamento. Afinal não se observa Arthur Lira (Progressistas) na candidatura de Davi Davino (Progressistas), não se observa o ex-deputado federal João Caldas na candidatura de João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Mas, me deixa dizer uma coisa Alfredo, também não se observa o senador Renan Calheiros na campanha de Alfredo Gaspar de Mendonça. Por que será?

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