Se o MDB fosse a F1, os Renans seriam os donos da Ferrari!

25/09/2020 18:47 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Em entrevista exclusiva à jornalista Vanessa Alencar, aqui do Portal CadaMinuto, o emebebista-mor-senador Renan Calheiros e o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) comentaram o imbróglio envolvendo o vice-governador Luciano Barbosa (MDB) e a disputa pela Prefeitura de Arapiraca.

Bem, não posso afirmar qual seria o acordo de Luciano Barbosa com os “Renans”. Se havia e isso envolvia o compromisso de Barbosa de permanecer até o fim como vice-governador, para dar sustentação a candidatura de Renan Filho ao Senado Federal, e podendo, o próprio Luciano Barbosa, ser o candidato ao governo em 2022 pelo MDB, é óbvio que a decisão do vice-governador agora irrita o senador Renan Calheiros e o governador.

Ambos, evidentemente, possuem parcela de razão. Afinal, lidam com o que não se encontrava no scritpt e foram surpreendidos com a punhalada. “Até tu, Brutus”, poderia dizer Renan Calheiros, que por vezes se posiciona como um César.

Porém, nessa briga interna do MDB, o que não tem é santo, muito menos neófito na política. O imbróglio criado por Luciano Barbosa vai para além dessa eleição. Afinal, agora – independente do que ocorra com o vice-governador (se será ou não candidato; se vai permanecer ou não no MDB) – ele surge com uma peça que pode complicar a vida dos Renans para 2022.

Nas eleições vindouras, nem Renan Calheiros nem Renan Filho gostaria de ter no governo estadual alguém que não fosse de extrema confiança de ambos. Luciano Barbosa era a certeza do MDB ter a máquina pública nas mãos para dar sustentação à futura disputa. É evidente, pelas falas de Renan Calheiros e de Renan Filho, que Luciano Barbosa não é mais esse homem de confiança.

O que sentiu Barbosa ao tentar definir os seus próprios rumos e – segundo Renan Calheiros – nem mais atender telefonemas? Se Renan Filho diz que “se o MDB fosse uma F1, Luciano sempre foi escalado para dirigir a Ferrari”, o vice-governador pode ter pensado o seguinte: “Se o MDB fosse a F1, os Renans seriam sempre o dono da equipe”.

Sendo assim, aquele que é escalado não consegue se “auto-escalar” e fica sempre na dependência dos caciques, que não só são os donos dos carrinhos vermelhos como comandam todos os mecânicos.

Ora, Luciano Barbosa pode ter sentido então a necessidade do “voo solo”. Afinal, não é fácil recordar de um nome associado aos Calheiros que, no longo prazo, tenha conseguido alçar voos maiores do que aqueles predeterminados pelos “donos da Ferrari”. Se, no objetivo de concretizar tais “sonhos”, Luciano Barbosa agiu certo ou errado, feriu ou não as diretrizes do partido, aí é com a Justiça.

O fato é que politicamente, Renan Calheiros teve que usar o seu poder de dono de equipe para retirar o piloto do carro e lembrar que ele não é o dono. É do jogo! Ainda mais quando se coloca no tabuleiro os planos de longo alcance.

Agora, numa coisa, Renan Filho tem razão: faltou a construção de um diálogo. Na ausência desse, o senador Renan Calheiros acabou na posição em que se encontra. Vale lembrar que alguns dias antes, era o próprio Calheiros que criticava o senador Rodrigo Cunha (PSDB) por interferir num diretório municipal do tucanato para impor a sua vontade (a de Cunha) em função dos planos que possui no horizonte. Como disse antes, em outra postagem: pimenta no partido dos outros é refresco.

Entre Luciano Barbosa, Renan Calheiros e Renan Filho, caro leitor, há aquele tipo de disputa onde, muito possivelmente, todos eles possuem razão. Afinal, se o MDB fosse a Fórmula 1, o senador Renan Calheiros tem o espírito enxadrista de querer definir não apenas quem pilota a Ferrari, mas a MacLaren e todas as demais nas quais ele puder influir.

Talvez Luciano Barbosa tenha notado isso.

O vice-governador só esqueceu de perceber que ao sair da Ferrari, farão de tudo para colocá-lo em um Fusca. Aí é com a habilidade dele, a partir de agora, de construir o próprio futuro, pois ganhou um adversário de peso.

O problema real é que enquanto eles (todos eles) tentam pilotar Ferraris, Alagoas caminha sempre lentamente.

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