Saúde Mental: Serviço da Sesau aponta julho como "limiar do stress" para alagoanos

20/09/2020 07:55 - Saúde
Por Gabriela Flores e Vanessa Alencar
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Ansiedade, depressão, pânico, esses foram alguns dos principais sintomas identificados pelos profissionais que trabalham no Alô Saúde Mental, serviço implantado pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) no dia 1º de junho deste ano. 

Dados do primeiro trimestre apontam que já foram efetuados 1.386 atendimentos pela equipe, composta por onze profissionais, sendo sete psicólogas, duas estagiárias de psicologia com supervisão e dois administrativos. Também compõem a equipe especialistas em saúde mental com ênfase em Caps, neuropsicologia, psicologia hospitalar, psicofarmacologia e psicopatologia, neuropsicologia clínica infantil e gestão em saúde pública, explicou o supervisor de Atenção Psicossocial da Sesau, Rodrigo Gluck, em entrevista ao CadaMinuto. 

Julho foi o mês que registrou maior demanda, comentou o supervisor, recordando que foi o período anterior ao começo da flexibilização das medidas de isolamento social adotadas desde março devido à pandemia do novo coronavírus. “Esse foi o mês onde o limiar do estresse estava presente. Por diversos fatores, desde o isolamento até o afastamento prolongado de familiares, limitação de recursos financeiros e outros motivos”, afirmou Gluck. 

 

Rodrigo Gluck Foto: Ascom Sesau

 

O serviço 

O Alô Saúde é um acolhimento, um tipo de metodologia de terapia breve, prosseguiu o supervisor, explicando que os psicólogos fazem uma escuta não punitiva inicialmente e depois fazem intervenções nos casos pontuais e, se for algo mais duradouro e que precise de uma atenção maior, ocorre o direcionamento para as redes específicas dos serviços de saúde, a exemplo dos Caps. 

Os profissionais realizam primeiro uma triagem do paciente, na qual são avaliadas a intensidade e a frequência dos sintomas relatados. Com esses dados o paciente entra no serviço de acompanhamento, onde são atendidos por sete dias. Em seguida é realizada outra avaliação para saber se houve melhora nos sintomas apresentados. Caso não ocorra, eles (os pacientes) permanecem por mais sete dias, até apresentar melhoras. 

Apesar da flexibilização das medidas de distanciamento estarem aumentando gradativamente, o serviço que surgiu durante a pandemia não tem previsão para terminar, até porque é importante atentar para a saúde mental principalmente no pós-pandemia, alertou Gluck, informando que já existe um projeto que busca justamente fazer o monitoramento da população alagoana que foi atingida diretamente ou indiretamente pela pandemia.  

Buscando ajuda 

A enfermeira e servidora pública Ana Maria (nome fictício, a pedido da entrevistada) comentou que, por ser do grupo de risco a instituição onde trabalha a afastou do ambiente de trabalho. O que de início pareceu um alívio, no decorrer dos dias se tornou um problema, lembrou ela. 

“O fato de estar em casa, isolada dos colegas de trabalho e da família começou a me deixar assustada. Comecei a ter medo que algo pudesse acontecer comigo e ninguém saberia, já que estava sozinha, também pensava em meu filho e meus netos, enfim, foi um turbilhão de pensamentos ruins que passaram a fazer parte daquela estranha rotina”, comentou a enfermeira. 

Diante de tanta pressão emocional, Ana Maria decidiu ligar para o Alô Saúde Mental e, conforme ela, foi a melhor decisão. “Naquele instante quando comecei a falar com profissionais e a receber as orientações foi como se o peso do medo desaparecesse pouco a pouco”, recordou. 

A enfermeira ainda segue em seu isolamento, tomando todos os cuidados e aguardando o momento de retornar às suas atividades profissionais e pessoais rotineiras, e recomenda àqueles que têm algum temor que busquem ajuda.  

Dados 

Conforme balanço divulgado pela Sesau, das pessoas atendidas pelo Alô Saúde Mental em três meses de funcionamento, 25.74% eram do sexo masculino e 74.26% do feminino. Os dados mostram, ainda, que 43% tinham idade entre 18 a 29 anos, 25% entre 30 a 39 anos, 18% estavam na faixa etária de 40 a 49 anos, 10% tinham entre 50 a 59 anos e 5% entre 60 a 79 anos. 

Entre os transtornos mentais relatados aos psicólogos do Alô Saúde Mental, a ansiedade foi citada por 32.69% e a tristeza por 24.04%. Já 15.35% disseram chorar facilmente em razão da pandemia e 12.46% informaram estar com o coração acelerado. A respiração pesada foi o transtorno citado por 6.73% dos usuários que acionaram o serviço e 5.10% disseram estar sentindo tremores, enquanto 3% relataram sensação de pânico e 2% informaram estar com depressão. 

Sintomas  

Já 53.30% dos usuários do Alô Saúde Mental relataram ter os sintomas de transtornos mentais mais de uma vez por dia e 26.60% disseram que ocorriam o tempo todo. Já 13.30% descreveram que uma vez por semana o problema surgia e 6.60% pelo menos uma vez ao dia. Outros 60% disseram que eles eram intensos e 26.66% argumentaram que eles eram moderados. Outros 6.66% dos usuários descreveram os sintomas como leves e mais 6.66% os classificaram como muito intensos. 

Entre os que acionaram o serviço 21.32% disseram estar ociosas e 16.12% e informaram que estavam em isolamento domiciliar. Já 11.35% relataram estar com problemas relacionados ao trabalho, 11.34% confidenciaram estar com medo da Covid-19, 9% com dificuldade de relacionamento, 2.76% passando por dificuldade com idosos e 1.88% temiam a falta de medicação. 

Alô Saúde Mental 

O serviço Alô Saúde Mental funciona de domingo a domingo, das 7h às 19h, e pode ser acessado via whatsapp pelo número 3315-1532, através do telefone gratuito 0800 082 5050 e também em um chat no portal da Saúde Alagoas (www.saude.al.gov.br). 

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