Na semana passada, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) destacou – em suas redes sociais – que não vai se envolver com as eleições municipais no primeiro turno. Isso significa dizer que nenhum candidato terá o seu apoio no processo eleitoral.
Em Maceió, conforme informações de bastidores, alguns pré-candidatos avaliavam – com base nas pesquisas de opinião – se correriam ou não em busca de um aceno de Bolsonaro para suas candidaturas. Entre eles, o pré-candidato e deputado estadual Davi Davino (PP).
Mas havia também a aproximação entre o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) e o fato de Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) também brigar pela parcela de eleitores da chamada “direita”.
O crescimento da popularidade de Bolsonaro no Nordeste fez com que outros candidatos evitassem críticas tão contundentes ao presidente. Coisas da política: o olhar sempre atento ao cenário para não perder parcela do eleitorado. O fato é que ninguém – com exceção da esquerda assumida – quer bater de frente com o presidente.
Em relação a Davi Davino, eis que o pré-candidato – em recentes declarações dadas em uma reunião na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Alagoas (Fecomércio/AL) – constrói um discurso de articulação com o governo federal.
O pepista se apoia na posição hoje ocupada pelo deputado federal Arthur Lira (PP), em função da aproximação entre Lira e o presidente da República para construir a imagem de que ele (Davi Davino) pode ser essa ponte com Brasília (DF).
“Maceió não pode se isolar de Brasília e é fundamental construir um projeto político com força de diálogo perante o governo federal”, frisou Davi Davino. O interlocutor de Davino? Arthur Lira. Não há mais “o candidato do presidente”, porém a venda da imagem daquele que terá mais fácil acesso à Brasília por meio do padrinho político forte tanto no Congresso Nacional quanto dentro do governo de Jair Bolsonaro.
A política é mesmo interessante!
Nessa reunião, Davi Davino ainda citou como exemplo a liberação feita pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) de R$ 142 milhões para o projeto “De Frente Pra Lagoa”, que é uma promessa de campanha antiga do atual prefeito Rui Palmeira (sem partido).
A obra foi prometida por Palmeira – que apoia o pré-candidato Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) – mas os recursos foram garantidos pela articulação feita por Arthur Lira, que apoia Davi Davino. Em todo caso, o Da Frente Pra Lagoa surge novamente como cabo eleitoral e como exemplo da influência que se pode ter em Brasília.
Rui Palmeira promete o início da obra ainda para esse ano.
O discurso de Davi Davino – além dessa questão da ponte entre Maceió e Brasília – também adota traços mais liberais quanto à economia, destacando a redução da burocracia e do poder coercitivo estatal para se ter maior desenvolvimento de projetos do setor privado. Em outras palavras: defesa de maior liberdade econômica.
Pelo bate-papo com membros da Fecomércio, Davi Davino deve construir uma imagem que se aproxime de uma visão mais de centro-direita, ainda que não assuma rótulo publicamente. Na mesma conversa, foi tratado de Reforma Tributária, redução de impostos e da carga que cai sobre o empresário, bem como facilitação de acesso ao crédito e à geração de emprego e renda, contando com a participação “virtual” de Arthur Lira, em função da posição política que hoje ele ocupa.
Ou seja: diante da ausência de Bolsonaro na campanha, Davi Davino tem se alinhado as pautas econômicas do governo federal e apostado em Arthur Lira para vender a imagem de “interlocutor” para futuros projetos. O xadrez político também é jogado com boas estratégias de marketing...