Vítimas do sexo feminino e hipossuficientes economicamente. Este é o perfil da maioria das vítimas que chegam ao Instituto Médico Legal (IML) para serem atendidas após casos de violência sexual. Dados da Secretaria de Prevenção à Violência (Seprev) mostraram que em 2020 - de janeiro a julho - 130 crianças e adolescentes foram atendidas.

Esses dados são referentes a quantidade de casos registrados em crianças e adolescentes de 0 a 17 anos que foram atendidas no IML em Maceió. De acordo com a Seprev, 50% dos casos de abusos ocorrem na faixa etária de 10 a 14 anos.

Em 2019, foram 609 atendimentos e em 2020, 130. Isso não significa que o número está reduzindo. Pelo contrário, a psicóloga do Núcleo de Atendimento de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência da Seprev, Ana Laura, alertou que apesar de ter essa “redução”, não significa dizer que os casos de violência não estejam ocorrendo.

Devido à pandemia, de acordo com Ana, as vítimas estão tendo dificuldade muitas vezes de realizar a denúncia. “Estatisticamente a violência  é  intrafamiliar, portanto o pacto do silêncio que pode ocorrer de diversas formas, como chantagem, ameaças, violência física,  fica mais  acentuado quando a vítima está confinada por boa parte do dia ao lado do criminoso. Então pode ser que quando esse período de isolamento social termine, aumente as notificações. Isso terá que ser avaliado posteriormente”, afirmou.

Sobre os atendimentos no IML, a psicóloga disse que as vítimas, em sua maioria, são mulheres. “Não é que não haja casos em crianças e adolescentes de classe média e classe média alta, mas a estigmatização faz com que esses casos muitas vezes sejam subnotificados”.

A psicóloga também chamou a atenção para o fato de que a violência sexual ocorre, muitas vezes, dentro do núcleo familiar e que é muito difícil realizar a quebra do silêncio.

E falou sobre os sinais de alerta que podem surgir para que as pessoas observem se essa criança ou adolescente está sofrendo algum tipo de violência.

INDICADORES FÍSICOS

 

• Roupas rasgadas ou com manchas de sangue;

• Hemorragia retal ou vaginal;

• Secreção vaginal ou peniana;

• Infecção urinária;

• Dificuldade de caminhar;

• Dores pélvicas;

• Hematomas ou escoriações pelo corpo;

• Infecções/doença sexualmente transmissíveis.

 

INDICADORES COMPORTAMENTAIS/PSICOLÓGICOS

 

• Mudança brusca de comportamento ou humor;

• Transtorno alimentar;

• Perturbação no sono;

• Timidez em excesso;

• Medo de ficar sozinha com alguém em algum lugar;

• Sexualização precoce;

• Comportamento incompatível com a idade (regressão)

• Automutilação;

• Tentativa de suicídio.