Ozonioterapia retal: após polêmica viralizar, especialistas de Maceió defendem a técnica

06/08/2020 14:18 - Geral
Por Vanessa Alencar e Gabriela Flores
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A declaração do médico e prefeito Volnei Morastoni, de Itajaí (SC), sugerindo a aplicação de ozônio no ânus dos pacientes diagnosticados com o novo coronavírus, repercutiu em todo o país nesta semana e acabou virando motivo de piada, o que incomodou especialistas que defendem a eficiência da técnica relacionada à ozonioterapia para o tratamento de várias patologias.

Em Maceió, as sócias Márcia Bezerra (fisioterapeuta), Lidia Brito (terapeuta integrativa, esteticista e graduanda em fisioterapia) e Seny Cunha (farmacêutica) aplicam o tratamento, tanto para fins estéticos quanto de saúde, desde junho deste ano, na Elementar Clínica Integrativa, comandada por elas. As profissionais argumentaram que, talvez, Volnei Morastoni tenha sido infeliz na sua colocação sobre o assunto, mas está correto na linha de pensamento.

“A postura do prefeito em pensar no ozônio como fonte complementar para a recuperação dos pacientes com covid foi louvável, uma vez que já existem estudos comprovando a eficácia desse gás na recuperação na fase infecciosa dessa doença”, explicaram.

Questionadas sobre a forma de aplicação proposta pelo político, as especialistas disseram que o reto é uma via de administração medicamentosa (na forma de enemas ou supositórios) muito utilizada, para um efeito local ou sistêmico: “Não é diferente no caso da aplicação do ozônio. Por essa via buscamos o efeito sistêmico, pois os resultados são rapidamente visíveis, mas existem outras vias, como a intramuscular, intradérmica, subcutânea e local, com o uso de sacos plásticos (também conhecidos como bags) para cicatrização de feridas”.

O efeito sistêmico citado é quando, independente da via de administração, um medicamento alcança a circulação sanguínea, sendo distribuído por todo o organismo, produzindo um efeito farmacológico amplo, em vários lugares.

Citando a Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz), as profissionais frisaram que a técnica não é uma “panaceia”, nem um tratamento experimental, mas um procedimento consagrado, secular, já incorporado ao sistema público de muitos países desenvolvidos. 

“O ozônio é a ação de uma molécula biológica com efeitos positivos diversos no organismo humano, restaurando a fisiologia normal, controlando infecções diversas, inflamação crônica, dores, melhorando a oxigenação dos tecidos e ajudando na eliminação dos excessos de radicais livres”, pontuaram, acrescentando que a difusão da prática no Brasil representaria mais qualidade de vida para as pessoas e economia substancial de recursos públicos.

Terapia autorizada

Desde março de 2018, a ozonioterapia, considerada complementar aos tratamentos tradicionais, integra o rol da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Ministério da Saúde (MS). Conforme a portaria do MS, a prática “é de baixo custo, segurança comprovada e reconhecida, que utiliza a aplicação de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio, por diversas vias de administração, com finalidade terapêutica, já utilizada em vários países como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Rússia, Cuba, China, entre outros, há décadas”.

Ainda segundo o documento, a ozonioterapia auxilia o fortalecimento do sistema imunológico e é utilizada como coadjuvante no tratamento estético e de várias patologias, desde problemas respiratórios até o câncer. 

Dois projetos de lei sobre o tema tramitam na Câmara dos Deputados hoje, o PL 9001/2017, que regulamenta a ozonioterapia como procedimento médico e odontológico e PL o 1383/2020, autorizando a prescrição da técnica em todo o país para os casos de covid-19.

Encontro com ministro

Na segunda-feira (3), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu em seu gabinete um grupo de defensores do uso da ozonioterapia no tratamento da covid-19, entre eles os deputados federais Giovani Cherini (PL-RS), Osmar Terra (MDB-RS) e Darsísio Perondi (MDB-RS), 

Segundo Cherini, o tratamento já está sendo implantado em unidades de saúde do Rio Grande do Sul.

Em Maceió, mais informações sobre a ozonioterapia podem ser adquiridas na Elementar Clínica Integrativa, pelo (82) 98820-6831 (Lídia Brito).

Lidia Brito, Seny Cunha e Márcia Bezerra 

 

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