ma grande explosão hoje em Beirute, capital do Líbano, causou pânico e destruição na região portuária. Uma gigantesca coluna de fumaça pôde ser vista de toda a cidade, relataram testemunhas e a mídia local.
De acordo com autoridades do país, pelo menos 30 pessoas morreram em decorrência da explosão. Além disso, o incidente deixou mais de 2,2 mil feridos, que estão sendo encaminhados para hospitais da cidade.
Uma fragata brasileira não foi atingida por questão de minutos. Apesar de nenhum militar brasileiro ter ficado ferido, há informações de que a esposa do adido brasileiro estava próxima ao local e foi atingida por estilhaços, informa a colunista do UOL, Carla Araújo.
Mesmo distante do porto, a embaixada do Brasil em Beirute foi danificada pela explosão na capital libanesa e pelo menos a residência de um dos diplomatas está inabitável depois dos acontecimentos. Segundo o colunista Jamil Chade, nenhum funcionário teria sido ferido e, pelo menos por enquanto, não existem relatos de brasileiros em condições críticas.
"Bola de fogo"
Duas fontes de segurança disseram à Reuters que a explosão ocorreu na área portuária que contém armazéns. A explosão abalou várias áreas da capital, quebrando janelas e portas e danificando veículos.
Segundo a emissora local LBC, o ministro da Saúde, Hamad Hassan, disse que havia um "número muito alto" de feridos e uma grande quantidade de danos.
"Vi uma bola de fogo e fumaça subindo sobre Beirute. Pessoas estavam gritando e correndo, sangrando. Sacadas foram arrancadas de edifícios. O vidro dos prédios se partiu e caiu nas ruas", disse uma testemunha da Reuters.
Outra testemunha disse à agência de notícias que viu uma fumaça cinza pesada perto da área do porto e depois ouviu uma explosão e viu chamas de fogo e fumaça preta: "Todas as janelas do centro da cidade estão quebradas e há feridos andando por aí. É um caos total."
"Uma aluna comentou que estava sentindo o prédio tremer e começou a gritar, dizendo que havia alguém batendo na porta, tentando empurrar. Quando sai à porta, vi tudo branco", disse à CNN a professora de ginástica Yasmin Mussalam Al Masri.
Material explosivo
Não há informações oficiais sobre o que causou o incidente, mas imagens divulgadas pelas redes sociais mostram uma explosão de enormes proporções. Emissoras locais informaram que na região do porto ficavam armazéns de fogos de artifício.
A cúpula de segurança geral do Líbano afirmou que a explosão foi causada por chamas em um armazém onde material altamente explosivo estava armazenado — inclusive nitrato de sódio, substância usada para a fabricação de explosivos e fertilizantes. O material havia sido confiscado de um navio.
"Parece que há um armazém contendo materiais confiscados há anos, e parece que eram materiais muito explosivos", disse o diretor geral da Segurança Geral, Abbas Ibrahim, questionado por jornalistas na área. "Os serviços responsáveis estão realizando a investigação, e dirão qual é a natureza do incidente", acrescentou.
Nas redes sociais, vários vídeos registram a explosão em ângulos diferentes e as cenas de pavor nas ruas após o incidente.
Em entrevista à BBC, Hadi Nasrallah, testemunha da explosão, disse que a cena foi "muito assustadora" e que o barulho foi "muito alto".
"De repente, eu perdi minha audição. Perdi minha audição por alguns segundos. Eu sabia que algo estava errado e, de repente, vi os cacos de vidro se espalhando sobre o carro", contou ele, que admitiu o temor por um incidente político.
Atendimentos a feridos
Os jornalistas foram proibidos de acessar a zona, segundo um correspondente da AFP. Em frente ao centro médico de Clémenceau, dezenas de feridos — incluindo crianças, às vezes cobertas de sangue — esperavam para serem admitidos, segundo a agência.
No bairro de Achrafieh, os feridos correm para o Hospital Hôtel Dieu. Segundo a emissora LBCI, pelo menos 500 pessoas procuraram atendimento no local. Os hospitais pedem doação de sangue à população.
"Eu estava a quilômetros. O vidro quebrado estava em todos os lugares ao meu redor", informou a jornalista Zeina Khodr, repórter a Al Jazeera, segundo o site do canal. "A explosão foi sentida em toda a cidade", acrescentou.
Luto oficial
O governador da cidade de Beirute, Marwan Aboud, viu a explosão como "um desastre nacional semelhante a Hiroshima", em referência à cidade japonesa bombardeada no fim da Segunda Guerra Mundial, e disse que "Beirute é uma cidade arrasada, e a escala dos danos é enorme".
O governo local decretou um dia de luto nacional na quarta-feira, enquanto o presidente convocou uma reunião de emergência do Conselho Superior de Defesa.