Demitidos na pandemia, alagoanos esperam oportunidades de emprego, mas retomada deve ser lenta, diz analista

03/08/2020 06:25 - Empregos
Por Raíssa França e Thiago Luiz*
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Com a pandemia e o fechamento de postos de trabalho, dados do  Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que Alagoas perdeu de janeiro a abril 26.979 postos de trabalho. Desse total, 3.782 foram em Maceió. O Cada Minuto conversou com dois alagoanos que perderam os empregos durante a pandemia e ouviu um economista para saber se o segundo semestre será positivo para o Estado. 

Fernando Souza trabalhava como motoboy para uma grande loja em Maceió. Ele ganhava um salário mínimo para sustentar a família junto com o dinheiro da esposa. Ele diz que não esperava que, com a chegada da pandemia, fosse demitido. “Sinceramente, sempre achei a empresa organizada financeiramente e não contava que fosse demitido, mas assim que as portas precisaram ser fechadas, porque a pandemia atingiu nosso setor, eu fui demitido”.

De lá pra cá, Fernando está desempregado e precisou buscar alternativas para ganhar dinheiro. “Entrei nos aplicativos para entregar comida, comecei a fazer bolo para vender, tive que me virar como podia”. Mas ele não perdeu a esperança.

“Acredito que vou voltar a trabalhar, já que a reabertura aconteceu. É questão de tempo”, disse.

A enfermeira Laís Souza trabalhava em um hospital na capital e também foi demitida. Segundo ela, a empresa que ela prestava serviços foi afetada já que o número de cirurgias diminuiu.

“Primeiro, eles cortaram o salário pela metade, e eu tive uma quebra financeira considerável. Depois, eles disseram que não conseguiriam continuar pagando”.Laís disse que, além do salário, antes da pandemia também recebia comissão pelas cirurgias.

“É um choque quando você conta com um valor considerável e depois percebe que não tem mais ele. Cheguei a enviar currículos, mas não fui chamada”, afirmou.

Análise 

Adelmo Martins, economista e professor do curso de Administração da Unit (Centro Universitário Tiradentes), disse que apesar da reabertura econômica, “vê com pouco otimismo o mercado reabrir no segundo semestre frente aos postos de trabalho que foram perdidos no período medido pelo IBGE. 

“De forma prática, e com base histórica, a recuperação da economia depende de vários fatores. Entre eles, a confiança do empresariado e expectativa dos consumidores sobre a renda atual e futura”, ressaltou.

O economista explicou que o mercado alagoano é muito dependente do setor de comércio e serviços. “Foram as atividades econômicas mais atingidas com a pandemia”.

Para exemplificar, segundo ele, “atente para as restrições impostas ao comércio (varejo na sua maioria, exceção para as atividades essenciais e no caso específico supermercados) e as demais as demais atividade sofreram restrição para funcionamento e/ou dificuldade para adequação e início da transformação digital”.

Ele acredita que a reocupação dos postos de trabalho perdidos, não acontecerá em pelo menos 3 a 4 meses. “Retomada do antigo normal será muito lenta. Isso para as atividades de serviço e com um grau um pouco maior a atividade de comércio. Para os empresários há muita conta ainda para pagar e acordos assumidos durante a pandemia terão vigência de pelo menos mais 06 meses a um ano”.

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