Expectativas com as mudanças de fases na capital e no interior do Estado, retomada das atividades escolares, sequelas e tratamentos da covid-19 foram alguns dos assuntos abordados na noite desta terça-feira (28), durante a estreia do programa Direto da Província, que contou com a participação da médica infectologista Sarah Dominique. A live, conduzida pelo jornalista Luis Vilar, foi transmitida pelo Instagram do portal CadaMinuto (@portalcadamin).
De acordo com Sarah Dominique, do ponto de vista técnico já é possível pensar na reabertura das escolas e de atividades que aglomerem maior número de pessoas, desde que haja a continuação, de forma responsável, das avaliações técnicas da progressão da doença no Estado. “A gente pode começar a pautar o futuro sem a vacina. Os dados em Alagoas mostram essa possibilidade de mudança com certa segurança”, pontua.
“É possível sim retomar as atividades escolares e outras com maior número de pessoas, mas com precauções e avaliando com segurança e do ponto de vista racional e técnico a progressão que o Estado está tendo. Estaremos correndo riscos enquanto não houver vacina, mas diante dos avanços que Alagoas tem alcançado, conseguiremos conter o avanço da doença de forma eficaz”, ressaltou.
Para a especialista, que também é gerente médica do Hospital da Mulher, as decisões do governo em relação às mudanças de fases na capital e no interior do Estado têm sido assertivas. “Do ponto de vista técnico os dados dão base a essa decisão do governo. Alagoas, estatisticamente está conseguindo se manter de forma equilibrada, porém, essa permissão precisa vir de forma regrada e de maneira que as pessoas respeitem o isolamento e uso de máscaras, pois o descumprimento dessas exigências vai continuar gerando consequências na vidas das pessoas”, alertou.
Sequelas
Segundo a médica, em média 20% dos pacientes atendidos por ela tiveram algum tipo de sequela após ter contraído o vírus, mas até o momento todas foram reversíveis. “Alguns dos meus pacientes manifestaram asma, outros apresentaram agravamento das doenças respiratórias, inflamação muscular, alteração do olfato e paladar, sequelas pulmonares, queda de plaquetas e fadiga”, ressaltou, pontuando a importância do acompanhamento médico.
Questionada sobre uma possível segunda onda da pandemia em Alagoas, assim como aconteceu em outros estados, ocasionando uma nova paralisação das atividades, Dominique destacou que o Estado ainda não atingiu a fase de declínio da doença e a curva em Alagoas ainda tem se mantido ascendente, possibilitando um aumento de casos ainda maior.
A infectologista explica que embora a quantidade de casos diários ainda seja elevada, Alagoas conseguiu atingir um nível melhor de atendimento ao paciente. “A letalidade da doença no estado e gravidade no quadro de muitos pacientes mudaram devido à assertividade que conseguimos atingir com uma melhor qualidade na assistência, protocolos de atendimentos estabelecidos, capacitação dos profissionais de saúde e suporte dos hospitais e das UPAS”.
Tratamento x vacina
Em relação a alguns procedimentos e protocolos adotados no país para o tratamento da covid-19, a médica infectologista mencionou que 81% das pessoas infectadas terão a cura tomando ou não medicamento. “Um estudo publicado recentemente mostrou que a associação da cloroquina com a azitromicina não mudou a evolução dos casos. Os trabalhos científicos, agora com uma quantidade maior de pessoas tratadas, mostram a ineficiência dessas drogas” afirmou.
Ela explica que os protocolos adotados permitiram um melhor acesso às reavaliações médicas e a forma de acompanhamento do paciente. “Como cada pessoa reage a doença de forma diferente, precisamos ter cautela. O uso inadequado de medicamentos pode ocasionar em uma piora significativa. Nada substitui a orientação médica”, pontou.
Diante dos avanços mundiais em relação a criação da vacina para covid-19, Dominique ressalta que possivelmente ainda no primeiro semestre de 2021 já se tenha uma vacina disponível, porém, acredita que inicialmente o governo deve seguir uma linha de prioridade para a vacinação. Alerta também que “a vacina desenvolvida pela universidade de Oxford, no Reino Unido, está bem avançada, mas que é preciso analisar a eficácia da droga, para que ela não ataque o organismo humano através de efeitos colaterais danosos” finalizou.
*com Assessoria