A dor do jornalista Igor Castro veio em dobro após perder a irmã Iza Castro, de 37 anos e o pai Edvaldo Silva, 64, para a covid-19 nesse mês, na cidade de Arapiraca. O pai de Igor morreu 13 dias depois da morte da filha. Segundo contou ao Cada Minuto, o jornalista disse que “tem sido duro e cruel lidar com o óbito dos dois" e que queria que a morte deles servisse para conscientizar as pessoas, mas que não é isso que tem acontecido.
Iza era assistente social e trabalhava no Hospital Djacy Barbosa, em Arapiraca. Ela contraiu covid no final de maio. “Ela morava com meus pais e com minha outra irmã, e quando contraiu a doença, ela ficou dentro do quarto. Mas para não contaminar meus pais, ela resolveu ir para o hospital”, disse o irmão dela, Igor Castro.
Até o falecimento dela foram nove dias que a assistente social lutou contra a doença. Segundo contou o irmão, o tratamento foi marcado por altos e baixos. “Ela foi para a UTI e foi para o apartamento. Até que resolvemos transferir ela para um hospital em Palmeira dos Índios já que minha minha tia trabalhava lá”.
Como o quadro dela era mais grave, ela não resistiu a intubação e morreu. Igor disse que para ele e para a família foi uma surpresa a morte dela apesar da gravidade. “Todos os dias ela falava com a gente. A tarde, no dia do falecimento, ela falou conosco dizendo que tava bem. Foi uma dor muito grande”.
Dois dias depois do falecimento da irmã, o pai de Igor fez o teste e deu positivo. “Optamos por uma tomografia e descobrimos que ele estava com 50% do pulmão comprometido”. A família ficou preocupada já que Edvaldo era cardiopata, e diabético.
“Ele foi para o hospital no mesmo dia que testou positivo. Ele ficou na enfermaria e todos os profissionais diziam que ele estava bem. O psicológico afetou demais ele, a perda da filha e sem ver a família, e sem ter alguém presente com ele”, afirmou Igor.
Com a ansiedade, Edvaldo teve a saturação baixa e foi entubado. “Depois de uns dias o quadro dele agravou, o quadro pulmonar também. Pelo que os profissionais estavam falando, a família já estava preparada para o que poderia acontecer. E assim, o pai de Igor, 13 dias depois da morte da filha, também faleceu.
Para Igor, a doença tem um fator primordial: o psicológico. “É preciso que os governos e hospitais, e os profissionais, que eles trabalhem o psicológico dos pacientes. Não é fácil. É difícil lidar com a situação. Meu pai tinha perdido uma filha e depois dias depois ele estava internado. Isso foi uma das causas que contribuiu para a piora dele”.
A dor de Igor permanece, mas ele diz que tirou uma lição: que as pessoas precisam ter mais consciência. “O isolamento social é primordial para o combate ao vírus. É o único. E infelizmente as pessoas não têm consciência. Elas continuam saindo de máscara e procurando locais que não eram para estar abertos”.
Para o jornalista, em Arapiraca, não existe fiscalização adequada e a população tem feito o que quer. “Temos visto muitas pessoas perdendo entes queridos. O vírus está passando e as pessoas não estão preocupadas em combatê-lo”.
Igor Castro voltou a reforçar que o vírus está matando pessoas queridas e amadas. “Tem sido duro e cruel passar por isso”, disse. Ele também enfatizou que queria que a morte da irmã e do pai dele servisse como consciência para as pessoas. “Mas não é isso que tenho visto, infelizmente”, finalizou.