Li, no dia de ontem, no blog da jornalista Vanessa Alencar que o procurador Eduardo Tavares (que já foi procurador-geral de Justiça de Alagoas) teria “revelações bombásticas” a fazer que mudariam, de acordo com ele mesmo, os rumos da política e da eleição.
Tavares se manifestou em um comentário no blog do jornalista Ricardo Mota.
Ora, se Eduardo Tavares tem algo a dizer, que diga logo para que isso não se transforme em uma mera “arma política” ou cálculo estratégico que usa de um conteúdo com o objetivo do revanchismo simplesmente, o que não parece ser o perfil do procurador.
É que também li, em uma matéria jornalística da Gazetaweb, que ele só se pronunciaria 20 dias antes da eleição. Convenhamos, diante da ciência de informações que podem ser graves, um procurador não pode simplesmente silenciar. Ou a denúncia é formalizada ou simplesmente ele levanta uma atmosfera que coloca tudo em suspeição cheio de burburinhos em bastidores. É papel de político em jogo eleitoral e não de procurador.
Pelo cargo que ocupa, é um erro de Tavares tratar o assunto dessa forma. Digo isso com todo o respeito que tenho pelo procurador (e ele sabe disso). É preciso que, sem subterfúgios, Eduardo Tavares tome as providência que a posição que ocupa exige, ainda mais sendo ele um membro do Ministério Público Estadual.
Vale ressaltar que, nas declaracões, ele ainda alfineta (como coloca a jornalista Vanessa Alencar, aqui no CadaMinuto), o ex-chefe do Ministério Público, Alfredo Gaspar de Mendonça, ao dizer que o procurador-geral interino, Márcio Roberto, foi o procurador-geral de fato nos últimos anos.
Se algo grave se relaciona com o pleito, aguardar cirurgicamente um momento para a bomba em função do calendário eleitoral é fazer cálculo político e entrar em um jogo que os mais políticos adoram. A depender do conteúdo, Eduardo Tavares ainda pode trazer indagações contra si mesmo: por que só agora? Algo que ele também terá que explicar caso resolva falar.
Outro ponto: ninguém, tão presente nos bastidores dessa discussão, levantaria uma fala de cobrar a nomeação do mais votado na lista tríplice para encabeçar o MPE, se já não soubesse antes que a preferência do Executivo não é o nome do primeiro colocado: o promotor Marcus Rômulo.
Eduardo Tavares traz um holofote para si que não se encerra no dizer o que diz que sabe. A depender do que tem a dizer e se disser, isso se desdobra. Agora, Tavares levantou uma lebre que se colocada novamente na toca ganha contornos de algum revanchismo, e se tudo exposto de vez pode virar uma crise cheia de questionamentos.
Com a palavra, Eduardo Tavares. O que ele sabe que provocará mudanças nas eleições de Maceió? Por que só falar agora? Por que aguardar um momento preciso? Afinal, é um político interferindo no contexto político? Ou um procurador preocupado com o que de grave possui em mãos?