A deputada estadual Jó Pereira (MDB) – ao falar sobre seu posicionamento favorável ao isolamento horizontal, diante da pandemia do novo conoravírus – voltou a frisar a postura independente, apesar do grupo político do qual ela faz parte ter espaço no primeiro escalão do Executivo e de ela ser do mesmo partido do governador. 

Chegou a colocar que sua independência se dá inclusive para discordar de posições públicas assumidas pelos irmãos que também são políticos, sem que isso prejudique o respeito e a união entre eles. 

Não é a primeira vez que Pereira tece duras críticas ao governo de Renan Filho. Agora, a parlamentar frisou que, em tempos de pandemia, o governador não ouve o parlamento e sequer responde aos requerimentos que são feitos pelos deputados estaduais. Ela ainda reclamou da demora em relação às discussões sobre um plano de recuperação econômica para o Estado de Alagoas. 

A parlamentar destacou ainda que os prefeitos alagoanos aguardam um posicionamento – já cobrado por meio de nota da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) – em relação ao valor do repasse do ICMS. A AMA, vale ressaltar, é presidida pela prefeita de Campo Alegre, Pauline Pereira, que é irmã da deputada estadual. 

O mote do quilométrico pronunciamento de Jó Pereira foi para justificar a sua posição em relação ao isolamento social, já que o prefeito de Teotônio Vilela, Joãozinho Pereira (também irmão de Jó) tentou adotar o isolamento vertical, mas foi impedido por decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas. Porém, isso abriu alas para ela tratar de quase tudo. Com mais alguns minutos de fala, Jó Pereira poderia até ter explicado a Teoria do Big Bang. 

Afinal, até os possíveis rumos de seu caminho político se fizeram presentes. Nas entrelinhas se percebe que ela não descarta candidatura ao Congresso Nacional ou ao Executivo, por exemplo. 

A deputada destacou que apesar da família ser unidade, de haver orgulho por parte dela do trabalho desempenhado pelos irmãos, eles são independentes nas esferas em que atuam e que sua posicão, já conhecida pelo público, nesse caso, se diferenciava da compreensão de Joãozinho Pereira. 

Para ilustrar o que chama de independência, sobrou para o governador Renan Filho. Ela deixa claro que a posição tomada pelo irmão quanto ao município de Teotonio Vilela é pelo fato das pequenas cidades estarem passando dificuldades extremas em função do comércio fechado e da ausência de apoio do poder público estatal. 

De acordo com Jó Pereira, se as indicações do parlamento estadual fossem ouvidas, conversadas e respondidas pelo Executivo de Renan Filho, “estariamos avançando em um diálogo profícuo para vencermos os desafios”.

“Como ir além das indicações se o Executivo não remete a essa Casa Legislativa projetos e propostas relativas a ações que possam influenciar nos efeitos da crise. Cadê o apoio no ICMS? A criação do Comitê? O não desconto da previdência para os aposentados? A regulamentação do funcionamento das feiras livres e as alternativas e condições de escoamento da produção agrícula, especalmente da agricultura familiar, projetos de apoio a classe produtiva do Estado, principalmente ao pequeno e médio empreendedor, entre tantas e tantas outras indicações?”, destacou Jó Pereira. 

Ela ainda complementou: “O executivo tem o seu papel, e nós o nosso. E como já disse na diplomação desse novo mandato, o executivo teve diversos acertos na primeira gestão, muitos. Mas muito ainda tinha que fazer e corrigir. E agora temos que entender que o próprio executivo também vive tempos difíceis”. 

A deputada diz que é hora de “todos sentarem à mesa e dialogar e propor soluções”. 

Prejudicada

Sem citar nomes, Pereira frisou que há, “infelizmente”, quem tente a expor como prejudicada por conta de seus irmãos. “Surgem logo comentários de bastidores, motivados por diferenças de minhas escolhas em relação a deles, mas todas essas diferenças só ratificam a nossa independência e ao mesmo tempo nossa união e respeito”. 

“Aliás, ninguém comentou que só o prefeito Joãozinho tomou a medida de flexibilização do isolamento. A prefeita de Campo Alegre, Pauline pereira, e sua equipe, exercendo a independência, optou por não adotar a mesma medida. Independência de pensamento, no agir, e união nos propósitos. Buscar sempre acertar”, colocou ainda. 

“Respeito e entendo a existência de posições diferentes, pois como já comentei muitas são as dúvidas, que até enxergamos nas entrelinhas de pronunciamentos de diversos especialistas e autoridades mundiais e do ministério da saúde. Basta ver o último boletim, que traz idas e vindas em suas analises, e com muitos registros de estatísticas e salienta a falta de infraestrutura, como argumento de bom senso”, pontuou a deputada estadual.