O momento é difícil para o Brasil. De um lado, a pandemia que preocupa milhares de pessoas e a possibilidade do colapso do sistema de saúde, que já possui – diante da demanda natural – as suas dificuldades. Do outro, um quadro econômico devastador. É provável que, ao final de 2020, muito do que se lutou nos útimos anos se perca. 

 

É que o Brasil vem de uma herança maldita que se acentuou nos anos de 2015 e 2016, com dois PIBs negativos, aumento da massa de desempregados, total desaranjo das contas públicas, nos levando a um orçamento deficitário. 

 

Tudo isso aliado a ampliação dos gastos públicos ao longo dos anos, o aumento da carga tributária e dificuldades de um bom ambiente de negócios, por conta de diversos fatos. Isso influi diretmente no risco-país e acaba por afugentar investidores. 

 

Tal realidade, apesar de parecer distante, impacta na vida de todos, pois sem oportunidades, dificilmente se gera emprego e renda. O país necessitava de reformas profundas e algumas já começavam a ser feitas e propostas, como a busca por maior liberdade econômica, desburocratização, simplificação e redução da carga tributária, mudanças administrativas etc. O novo coronavírus paralisou tudo isso. 

 

Além disso, atacou diretamente o setor produtivo brasileiro diante das medidas restritivas de isolamento social. Não julgo aqui as medidas tomadas por governadores. Entendo que, com exceção dos exageros, há uma preocupação justa com a saúde pública por parte de muitos e há cuidados a serem tomados. Estamos lidando com vidas e toda vida importa e é imensamente valiosa. 

 

Agora, é inegável que o atual cenário trará consequências drásticas que, se não forem alvo de uma reflexão, produzirão um colpaso social bem maior do qual demoraremos muito para sair. No dia de ontem, o mercado financeiro voltou a reduzir – pela oitava vez consecutiva – a previsão para a economia brasileira em 2020. 

 

Tudo isso precisa estar na balança.

 

É válido lembrar que desde as quedas de 2015 e 2016, estamos tendo um crescimento pífio que nem chega a 2%, sendo o último PIB com 1,1%. Agora, a previsão é que nossa economia vai contrair e chegar a -1,18%. Detalhe, esse dado ainda pode ser revisto para menos. 

 

O quadro é de recessão global, evidentemente. O governo federal precisa ser ágil em medidas e viabilizar o quanto antes o pacote de R$ 200 bilhões para operacionalizar, dentre outras coisas, a renda básica de R$ 600 para os atingidos pelo coronavírus. 

 

Evidentemente que o volume de recurso é tamanho que é difícil disponibilizar do dia para a noite. 

 

Ao final da pandemia, os gastos do governo podem ficar em R$ 600 bilhões. 

 

Infelizmente, o ano que surgiu no horizonte com a expectativa de crescimento acima dos 2% vai se encerrar de maneira triste, pelas vidas já perdidas, pelas preocupações na saúde e na economia e pelo colapso que atingirá a muitos, sobretudo os mais pobres. A corrida contra o tempo agora é para minimizar isso e garantir sim atenção aos mais vulneráveis. Quem tem fome, tem pressa. 

 

Não dá para dissociar esses dois lados da moeda: saúde e economia. É preciso discutir um sem perder de vista o outro, pois os dois colocam vidas em riscos. E aí reside o maior desafio de nossos gestores nos âmbitos municipais, estaduais e federal. 

 

O impacto será tão grande que – conforme o mercado financeiro – a inflação será puxada para baixo pela ausência de demanda dos produtos. Bom mesmo seria que fosse por outras circunstâncias.