Sobre o polêmico pronunciamento, ontem à noite em rede nacional do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, focando a crise do país com essa onda do coronavirus, resolvemos publicar na integra uma avaliação escrtita num texto feita pelo conceituado jurista alagoano, especialista em Direito Eleitoral, Dr. Adriano Soares da Costa, cuja nota vem repercutindo nas redes sociais. Pois foi com a autorização do próprio que a gente publicou em nosso blog.
Acompanhe abaixo:
Depois de ver a cobertura jornalística e vários comentários sobre o pronunciamento do presidente da República fiquei perplexo. A necessidade de respostas rápidas deixou de fazer políticos e analistas políticos pensarem para além da aparência. Faltou a pergunta capital: por que Bolsonaro fez o pronunciamento dizendo o que disse? Todos se preocuparam em refutar ou chamá-lo de louco - isso não é jornalismo, mas militância... - ao invés de perguntarem: por quê?
A resposta óbvia de alguns poderia ser “porque Trump já sinalizou no mesmo sentido”. Sim, creio que esse ponto atiçou o faro do animal político que Bolsonaro é: percebeu rápido que o cenário internacional está prestes a mudar radicalmente. Mas não foi esse o ponto principal, acredito eu. É certo que a evidente mudança de linha editorial do Jornal Nacional, conclamando à calma e serenidade, também atiçou aquele faro: os jornal ensaiava um discurso mais preocupado com o social, tomando-lhe eventualmente o discurso para depois culpá-lo pela quebra da economia. Bolsonaro parece ter percebido a possibilidade desse movimento e se antecipou.
Todavia, vejo uma outra razão ainda mais forte. Começam a circular nas redes sociais e grupos de WhatsApp relatos desesperados de pessoas humildes e de empresários, com lágrimas, revolta, angústia. Por causa do vírus? Não. Por causa da fome iminente, da quebra do negócio, do desemprego, da perda do comércio informal de rua, da perda da carga para transportar...
Bolsonaro está lendo os fatos. Falou para essas pessoas que não vivem numa bolha, mas estão a braços com a realidade crua já das perdas com a paralisação da economia. Há vídeos já de revolta pessoal, inconformismo, raiva. O ambiente social ficará rapidamente tóxico: o vírus do desespero é mais rápido, mais inclemente e mais letal que o coronavírus.
Essa postagem ficará aqui, documentando o que estou vendo. E ficará para lembrar os que a leem que O DESESPERO COLETIVO LEVA O POVO ÀS RUAS COMO FRATURA SOCIAL. E Bolsonaro hoje antecipou-se em apontar os culpados pela queda destrutiva da atividade econômica. Bolsonaro disse: a imprensa é a inimiga. Os governadores e prefeitos que estão bloqueando estradas e fechando o comércio são os responsáveis.
Nossos políticos estão perdendo o contato com a realidade. Mas começarão a ser cobrados nesses próximos dias quando não houver salário, quando as contas chegarem, quando a revolta irracional aparecer. E Bolsonaro vem vocalizando esse discurso; ontem, tomou para si em cadeia de rádio e televisão.
Quem se preocupa com a fome do pobre? Pergunte a quem está com fome. Quem se preocupa com os pequenos, médios e grandes empresários? Pergunte a quem está com o seu negócio parado. Quem se preocupa com o emprego? Pergunte a quem está desempregado e sem o trabalho informal. Quem se preocupa com o vírus? Ah, esse bando de $@@&$#%#, dirá o desesperado...
Então, eu posso dizer que politicamente Bolsonaro agiu com o seu animal político em forma. Como estadista, ele foi o que é: está pouco preocupado em ser um gentleman. Ao contrário. Nesse instante, Lula - outro animal político astuto -, deve estar pensando: “Esse cara fez o movimento no tabuleiro que eu faria...”. Sim, foi melhor que o discurso da marolinha, porque Lula estava errado...”
Adriano Soares da Costa