Num cenário de surto do Coronavírus, a saúde pública é a prioridade número um. Mas para quem conduz ou depende do funcionamento do comércio, a preocupação é evidente e o cenário é desanimador. O CadaMinuto entrevistou o economista Francisco Rosário, que fez uma análise do cenário financeiro, avaliou os prejuízos e deixou algumas dicas para sobrevivência de médio a longo prazo.

Diante de uma crise inesperada, que nenhum empresário se preparou para enfrentar, o profissional apontou quem mais irá sofrer neste primeiro momento. “As lojas dos shoppings, do Centro da cidade, prestação de serviços em geral, com exceção de alimentação e todas aquelas que não utilizam o meio digital para se relacionar com os clientes”, explicou.

Francisco Rosário ainda apontou que as grandes empresas, por conta da possibilidade de planejamento anual e capital de giro, demoram mais a sentir os impactos, enquanto os pequenos empresários tem a crise batendo na porta.

“O cenário é complicado. Apesar de serem as mais numerosas, as pequenas empresas são mais frágeis financeiramente e gerencialmente. Por isso o impacto nessas empresas deve ser severos”, disse.

Diante de um cenário em que a crise é inevitável e todos terão prejuízos. O economista cita três dimensões de atuação para “sobrevivência”: financeiro, controle interno e mercado.

“No financeiro a dica é levantar todas as dívidas da empresa e iniciar, imediatamente, negociação com fornecedores e bancos. Não tente pegar mais crédito, pois há risco de juros altos. Nesse momento, qualquer taxa mais alta de 0,5% é muito alta frente ao que está por vir. Mas os bancos são livres para cobrar o que quiserem. A saída é negociar alguma postergação nos prazos de pagamento. Espera-se que só a partir de agosto ou setembro que o faturamento pode se equilibrar novamente. Reduzir custos fixos como aluguéis, água, energia elétrica, assinaturas de softwares, aplicativos, revistas, financiamento de veículos e etc. Verificar exatamente o que é necessário para o funcionamento da empresa”, disse.

 “Nos controles internos a dica é sobre realizar um levantamento minucioso do estoque, para verificar a possibilidade de descontos ou alguma vantagem para os clientes. Verificar quais funcionários são mais engajados e que podem gerar ideias para melhoria do negócio - algum trabalho de recursos humanos, pois pequena empresa só contrata o empregado e não olha para o colaborador”, apontou.

Por fim, com relação ao mercado, uma medida que vem se tornando quase que obrigatória, para a ser vital para se manter vivo financeiramente falando. “Em relação ao mercado, é urgente entrar no digital. O Sebrae e muitos consultores estão com cursos, vídeos no YouTube, e lives no Instagram com dicas, informações e modelos de ações direcionadas às pequenas empresas. Além de elaborar alguma estratégia para entrega em casa dos produtos e serviços”, concluiu.