Quem me acompanha nesse blog sabe o quanto sou – e continuo sendo – crítico a algumas posturas e posições do atual governo estadual e do próprio governador Renan Filho (MDB). Há divergências de pensamento, de visões de mundo e até de algumas alianças ideológicas e posições políticas do chefe do Executivo estadual. Nada é pessoal, porém o confronto de ideias presente em toda e qualquer democracia.
Isso porém, nunca me furtou de elogiar a administração estadual quando achei devido, como por exemplo, quando comentei – lá atrás – da forma com a qual o secretário da Fazenda, George Santoro, lidou com o momento de crise econômica no país que levou o PIB ao negativo. Alagoas teve responsabilidade fiscal e foi reconhecida nacionalmente, posteriormente a isso, como eu já esperava e pontuei em textos anteriores. Estranhei que, naquele momento, as falas do governador não se alinhavam a de Santoro.
Então, caros (as) leitores (as), nesse momento em que muito se fala do coronavírus e – dentro do muito que se fala – há visões subestimadas e superestimadas; acredito que o governo estadual tem acertado por encontrar o tom no meio dessa confusão. Dentro de uma visão sensível, trabalha com os dados sem estimular o pânico, como pontou corretamente o secretário estadual de Saúde, Alexandre Ayres.
A coletiva de imprensa, ocorrida no dia de ontem, liderada pelo governador Renan Filho (MDB), foi didática, objetiva e pautada a tirar dúvidas sobre as ações daqui para frente, sem alardes e sem misturar com politicagens. Tanto que o próprio governador, e demonstrou seriedade e hombridade com isso, reconheceu a articulação e preocupação do Ministério da Saúde em atender os estados da federação, inclusive encaminhando os kits de testagem para Alagoas, o que permite decisões mais embasadas nos dados concretos, pois cada local tem sua realidade.
Renan Filho acertou também ao fazer do Palácio República dos Palmares o ponto de encontro entre ele, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (sem partido) e a presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Pauline Pereira que, ali naquele local, falava por todos os municípios. A integração, a articulação e as decisões conjuntas unem forças e não desperdiçam recursos. Isso é importante para um trabalho mais efetivo do centro de crises que foi montado.
É dever de todos nós tomarmos os cuidados necessários, mas sem estimular o pânico, sem subestimar, mas também sem superestimar o problema. Alagoas não tem testagem local (passará a ter em breve). É possível, portanto, que os números de casos SUSPEITOS aumentem consideravelmente só por conta disso, já que se tornará mais ágil o acesso a esses, e eles devem ser usados mais pelas equipes médicas. Tenhamos como norte as confirmações de casos. É que até então era impossível Alagoas ter um aumento substancial de casos do dia para a noite, já que os testes não se davam aqui e iam sendo enviados coletas conforme apareciam.
Lembremos que só um caso é confirmado até o presente momento. Como já disse, não se pode subestimar. É preciso sim a tomada de precauções necessárias, em função não da letalidade do vírus, mas sim da velocidade do contágio. É que, nesse caso, terão aqueles que lidarão com a doença de forma mais leve e os que precisarão de leitos. A preocupação aqui é corretíssima, pois hospitais também se deparam com outras demandas naturais. Então, se você tomar os seus cuidados pessoais, ajudará a todos nesse momento.
O caos a ser evitado é no sistema de saúde público e privado.
Ora, já sofremos com nossos hospitais em situações normais (e digo isso porque sou usuário do sistema de saúde público), imagine diante da atual realidade. Sendo assim, foi importante sim a criação do centro de crise, o uso de veículos de imprensa para escoar a informação mais técnica possível (espero que seja assim, de forma mais sóbria. O jornalismo pode contribuir muito com isso) e as medidas em relação à Educação, sobretudo com a sensibilidade quanto a questão da merenda. Estão corretos, nesse caso, o governador, o prefeito de Maceió e a presidente da AMA.
Além disso, fizeram recomendações à iniciativa privada e devem haver desonerações nos produtos que estão sendo consumidos agora, como o álcool em gel e as máscaras cirúrgicas. Prestemos atenção nessas recomendações sempre ouvindo os médicos. Afastemo-nos do viés político dessas discussões e de alguns interesses inconfessos que surgem no meio desse debate, seja de qual lado for. A hora é de saber filtrar informação com bom senso.
A coletiva de ontem foi sóbria, sem alarde ou pânico, mas bem explicativa. Repito: sem subestimar ou superestimar, mas com o foco na realidade. Prevaleceu o bom senso.
A parte técnica do governo federal também acerta ao aliar suas ações tomadas em três frentes de preocupações: atenção aos vulneráveis, combate à pandemia e medidas para evitar desemprego diante da recessão global que se anuncia. Há três cenários – como lembrou Renan Filho – que são: o Brasil crescendo 1%, o Brasil estagnando ou ainda o país tendo uma queda no PIB. É preciso – no campo da economia – estar preparado para os três, mas trabalhando pelo primeiro. Caso a realidade se apresente melhor que o primeiro, ótimo.
Nessas ações do governo federal está a medida provisória que libera quase R$ 6 bilhões. Desses, mais de R$ 420 milhões já estão disponíveis e sendo encaminhados aos estados. Para Alagoas, o primeiro envio é de R$ 6,8 milhões. Obviamente, que a quantidade de dinheiro depende da situação de cada um desses locais. Logo, naturalmente, São Paulo terá a atenção maior. Na economia, foram anunciados mais de R$ 170 bilhões, reforço em relação a atuação do programa Bolsa Família, dentre outros pontos.
Há as polêmicas em relação às falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de algumas de suas atitudes. Essas podem – e devem – ser discutidas no campo político etc. Há os que são movidos pelo ranço ideológico e querem derrubar o presidente de qualquer jeito, mas há também as críticas que não possuem tal ranço. Saibamos separar, pois todo político deve e pode ser alvo de questionamentos, críticas e cobranças. Eu acho que o presidente poderia, nesse momento, acompanhar mais o discurso do corpo mais técnico do governo. Pautar-se pelos dados oficiais e ponto final. Afinal, há sim trabalho sendo feito.
Digo isso mesmo sabendo que alguns podem me acusar de “esquerdista” etc. Bem, eu já fui crítico a Bolsonaro em outros momentos, mesmo deixando claro que vejo em seu governo vários pontos positivos. Mas, obedeço a minha consciência e não a tribos, sejam elas formadas por pessoas que possuem a mesma visão de mundo que a minha ou não. Creio sim que o governo acerta na agenda econômica e que tem excelentes quadros que lá só estão porque o presidente é Bolsonaro. Então, ele tem mérito nisso. Todavia, ele não é perfeito e é dado a rompantes que me desagradam por achar que alimentam crises e acaba entregando – de graça – mais pedras a seus adversários. Mas isso é outro papo.