Com o aumento de casos de covid-19, os consumidores que já estavam de malas prontas precisaram adiar ou até mesmo cancelar a viagem. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê a garantia de remarcação ou ressarcimento, sem custos. O Cada Minuto conversou com alguns consumidores que, por medo da doença, decidiram deixar o sonho para depois.
A jornalista Zélia Cavalcanti estava com viagem marcada para Bélgica na Semana Santa. Porém, diante do atual cenário, ela e um grupo de pessoas decidiram adiar a viagem.
“Lá não tinha nenhum caso, mas como a Europa estava registrando aumento de casos, o nosso agente de viagem foi prudente e tomou a iniciativa de cancelar a viagem e avisar ao grupo”, explicou.
Zélia disse que o agente de viagem suspendeu o pagamento do valor que as pessoas ainda não quitaram.
Ela disse que estava animada em conhecer o local, mas que, para ela, a segurança está em primeiro lugar. “Eu não estou desistindo. Assim que tudo isso passar, eu vou. O dinheiro está guardado na poupança”, contou.
Prejuízos
Ricardo Canuto, dono de uma agência de turismo em Maceió, disse que tem orientado os clientes para que eles adiem as viagens que já estão agendadas; para os que pretendem comprar, pede que esperem a pandemia passar.
“Sabemos que esse vírus se prolifera no hemisfério norte, no Estados Unidos, China, Europa e outros países. Quando a pessoa faz uma viagem o objetivo é relaxar e não estamos em um momento bacana para que possamos fazer isso”, explicou Ricardo.
Ricardo disse em entrevista ao Cada Minuto que os clientes estão cancelando as viagens agendadas para os meses de abril e maio.”Estamos realizando esse procedimento de maneira muito tranquila, pois é uma questão de saúde mundial”.
Canuto acredita que a partir de julho e agosto, tudo volte a se normalizar. “Mas o ideal é que não tenha viagem. Eu entendo que isso acaba abalando alguns segmentos, mas eu acho que prudência nesse momento é a palavra a ser seguida”, afirmou.
O empresário disse que o problema do coronavírus tem trazido prejuízos para as empresas de turismo, mas que o cenário seria pior se fosse entre os meses de novembro, dezembro e janeiro. “Seria uma tragédia e um prejuízo bem maior do que estamos enfrentando. Pelo menos, para o meu negócio, pois é no final de ano que mais faturo. O movimento não diminuiu, ele simplesmente desapareceu”.
Quem também já estava com as malas prontas era o alagoano Jonathan Firmino que ia com um grupo de amigos para a Europa em abril. Mas diante da situação, eles resolveram cancelar.
Como eles iam passar por vários locais, como Madri, Barcelona, Londres, o processo burocrático tem sido mais rígido. “Como fomos comprando isso aos poucos, estamos vivendo uma burocracia cancelando um por um”, explicou.
Ele conta que as passagens ainda estão em processo de cancelamento.. “Vou ligar para saber se vamos ficar com algum crédito, se vamos escolher outra data. Pelo que vimos não podemos cancelar, só alterar”.
Entretanto, a depender da resposta da empresa aérea, caso não haja acordo, ele e o grupo vão acionar a Justiça. “A gente fica naquele dilema de remarcar para uma data, por exemplo, até agosto, mas quem garante que vai está tudo normalizado? Se chegar até o mês de agosto e não tiver nada melhor? Nós vamos ter que fazemos novos planos. Se não resolver com a empresa, vamos acionar a justiça”.
Para ele, a melhor saída seria cancelar e fazer novamente planos quando a situação melhorar. “Pensar em viagem quando tiver normalizado. Porque remarcar agora é como se tivesse dando um tiro no escuro”.
Com relação a hospedagem, Firmino disse que ele conseguiu o reembolso integral, exceto uma que pediu a remarcação até agosto.
*Estagiário sob a supervisão