De acordo com o jornalista Edivaldo Júnior, em seu blog na Gazetaweb, o PT e o PDT devem se unir para lançar uma candidatura à Prefeitura de Maceió. O nome do candidato pode ser o ex-prefeito, ex-governador e ex-deputado federal Ronaldo Lessa (PDT).

O bloco se firma como “forças democráticas” e se coloca como alternativa às alianças já postas, como a entre o prefeito Rui Palmeira (sem partido) e o governador Renan Filho (MDB), que apoiam o ex-chefe do Ministério Público Estadual, Alfredo Gaspar de Mendonça, na disputa pela Prefeitura de Maceió.

PDT e PT – no entanto – ao se mostrarem como forças antagônicas esbarram no problema do discurso. É histórica a aliança entre o PT e o MDB de Renan Filho e do senador Renan Calheiros em Alagoas. O PT, inclusive, possui espaços dentro da administração estadual. É grande a influência do senador Calheiros dentro do Partido dos Trabalhadores.

Renan Calheiros é um aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O PDT de Lessa já esteve presente dos dois lados. Foi aliado dos tucanos, ocupou espaços na administração de Rui Palmeira e já foi até secretário de Renan Filho. Ao romper recentemente com o governador, Lessa até tentou se aproximar novamente de Palmeira. Houve diálogos, mas eles não frutificaram. O PDT não aceitou a aliança que joga Alfredo Gaspar de Mendonça como candidato.

O grupo formado entre PDT e PT buscam sobrevivência. O Partido dos Trabalhadores possui dois pré-candidatos: o ex-vereador Ricardo Barbosa e a economista Luciana Caetano.

Quando Barbosa diz que “a reunião” entre essas legendas foi uma “provocação mútua” para “contrapor ao projeto das candidaturas que hoje despontam como sendo candidaturas favoritas nesse cenário” e as classifica como “conservadoras e de direita” erra ao analisar o espectro político.

Alfredo Gaspar de fato tem bandeiras que o aproxima de direita, mas aceitou o acordo com partidos que são de centro-esquerda e até mesmo com o MDB de Renan Calheiros, que sempre esteve ao lado do PT. Os termos “conservadores” e “direita” aí são postos de forma vazia, já que até mesmo Rui Palmeira se mostra oposição, em muitas pautas, ao atual presidente Jair Bolsonaro.

É que para uma parcela da esquerda, tudo que não é de seu grupo, é visto como direita, ainda que – no passado – tenham estado juntos em projetos políticos, como é o caso do PT e do MDB. Conservadores, portanto, é um adjetivo que não se aplica aos candidatos Alfredo Gaspar de Mendonça e o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC, que até se encontra no Partido Socialista Brasileiro. Repito: “Socialista”. Um partido que está no Foro de São Paulo.

JHC votou contra Reforma da Previdência, por exemplo. Fez isso a mando do partido. Ele ainda votou contra a Reforma Trabalhista e outras pautas que são liberais no sentido econômico e, portanto, de direita. PT e PDT, dessa forma, acabam por mirar em adversários com os quais já tiveram e/ou ainda possuem aproximação.

A aliança entre PT e PDT é legítima e faz parte do jogo democrático buscar espaços, estruturar discursos e cair em campo. Mas, é inegável as contradições desses discursos que tentam colocar qualquer um no espectro de direita, ainda que sejam fisiologistas ou até mais próximos da própria esquerda, em função de suas linhas estatistas de pensamento.

Logo, afirmar que JHC e Alfredo Gaspar de Mendonça são candidaturas com o perfil de direita é uma meia-verdade quando se trata de Mendonça e uma ausência de verdade quando se fala de JHC, que tem posturas que vão de um lado a outro a depender da pauta em debate. Basta olhar para o perfil de seus votos na Câmara dos Deputados.

Os partidos de esquerda PT e PDT voltam a se reunir no próximo dia 20 de março. E, conforme Barbosa, ainda pretende aglutinar outras legendas e assim viabilizar a candidatura de Ronaldo Lessa. Mas, terão o mesmo problema de discurso das outras em função dos aliados que tiveram no verão passado...