De forma que ninguém saiba a origem, grupos começam a espalhar, pelas redes sociais (em especial o Wahtsapp), um vídeo que tenta desconstruir o discurso, em relação a possíveis alianças, do ex-chefe do Ministério Público Estadual, Alfredo Gaspar de Mendonça.

É que Mendonça deixa o cargo de procurador-geral de Justiça mirando na disputa eleitoral pela Prefeitura de Maceió. Conforme o andamento das composições políticas, ele terá o apoio do governador Renan Filho (MDB) e do prefeito Rui Palmeira (sem partido).

Gaspar de Mendonça ainda nem falou oficialmente sobre isso, mas já vem sendo pressionado para justificar o momento atual sendo confrontado com falas do passado. É do jogo.

Agora, Alfredo Gaspar passa a viver uma nova situação: a de também ser alvo. E na política, há o que se faz pela frente e o que se faz pelas costas. Sempre assim. O primeiro a ser colocado como alvo por esses materiais apócrifos que são disparados em redes sociais foi o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB), que também é pré-candidato a deputado federal.

O CadaMinuto tratou sobre o tema na época.

Dessa vez, é resgatada uma fala antiga de Gaspar de Mendonça em que é pedido a ele que avalie o prefeito Rui Palmeira e o governador Renan Filho. Em outras palavras, o procurador diz – na época da entrevista – que os dois são iguais, dando a entender que não representariam novidade. O problema é que sequer há a data do vídeo e é repassado de forma como se o contexto fosse o atual momento.

Evidentemente que, independente do tempo, Gaspar de Mendonça pode ser cobrado pelo dito, sobretudo quando soa contraditório em relação ao agora.

Como homem público e que se pretende prefeito, é justa a cobrança, inclusive. No entanto, isso não elimina o que há de sorrateiro nesse tipo de jogo praticado por alguns adversários na tentativa de descredibilizar os outros e assassinar reputações. Todos os candidatos acabam por enfrentar isso e, infelizmente, eis algo que acabou se naturalizando na política.

Quanto ao mérito do que é dito no vídeo, é o seguinte: ao responder a indagação sobre o que pensa de Palmeira e de Renan Filho, o ex-chefe do MPE responde: “Para mim são políticos da mesma moeda. Foram alçados a condição de governantes pelas mãos dos pais. Um foi filho de governador biônico, lá em 1982, e o outro filho do presidente do Senado colocando como candidato a governador. Eles meio que se completam. Essa distinção entre um é melhor e o outro é pior, eu acho é que foram criados na mesma escola”.

Gaspar de Mendonça ainda é indagado se acha que Rui e Renan poderiam ser candidatos numa mesma chapa e responde: “eu não acho nada disso. Eu só estou dizendo que não vejo muita diferença de ambiência. Vejo que ambos foram criados em Brasília, conviveram com o poder desde cedo, ambos são bem entrosados, inclusive o próprio Rui foi funcionário do pai do governador lá em Brasília. Eu vejo muito um ambiente de disputa só nesse momento, pois em todos os outros momentos sempre andaram juntos e estiveram juntos. Os pais sempre foram amigos e as composições vem desde antes. Há um histórico familiar”.

O procurador ressalta também que o que Alagoas precisa é menos marketing, menos criação do que é bom e do que é ruim e mais serviço à população, nessa antiga entrevista.

Outro que também é alfinetado nas redes por conta da aliança firmada com Renan Filho é o prefeito Rui Palmeira. De forma apócrifa, tem sido disparado um vídeo de Rui Palmeira na campanha eleitoral de 2018, quando ele apoiou o ex-delegado da Polícia Federal, José Pinto de Luna, ao governo do Estado.

Palmeira, em um programa eleitoral, ataca o senador Renan Calheiros (MDB). “Renan Calheiros é um dos campeões nacionais da Lava Jato. Renan é o campeão da Lava Jato em Alagoas. A verdade é que no Brasil ninguém gosta do Renan, como não gosta (ex-presidente Michel) Temer e do (ex-senador) José Sarney, todos do mesmo partido. Por baixo dessa camisa branca que ele usa, há 14 inquéritos da Lava Jato. Alagoas tem a chance de dar um exemplo ao Brasil: Renan senador, não”, diz o prefeito em vídeo de campanha.

Bem, independente de qualquer coisa, são posições antigas que estão sendo expostas ao sabor do “eu sei o que vocês disseram no verão passado”. Caberá aos envolvidos justificar ao eleitor os discursos que já deram… A cobrança é legítima e natural!