A mais recente entrevista do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, no Programa CadaMinuto, deixa claro o desejo dele de concorrer à Prefeitura Municipal de Maceió nas eleições desse ano. Alfredo Gaspar de Mendonça tem sido um nome lembrado nas pesquisas eleitorais. Nas últimas avaliações de cenário, Mendonça era o segundo mais citado nas intenções de voto, perdendo apenas para o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB).

 

Na entrevista, Gaspar de Mendonça não crava que será candidato, pois depende também da construção do cenário. O nome do procurador-geral é disputado ainda tanto pelo bloco liderado pelo MDB do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros, como também pelo lado que tem como expoente máximo o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB). Para isso, o grupo do tucano chegou a disponibilizar o Podemos – que é dirigido pelo secretário municipal de Iluminação Pública, Tácio Melo – para que Gaspar de Mendonça se filiasse.

 

Agora, ele deixa claro o desejo.

 

Alfredo Gaspar seria o nome que equacionaria os problemas que hoje o PSDB enfrenta, pois Rui Palmeira não aceita aliança com o deputado João Henrique Caldas. Já o senador Rodrigo Cunha (PSDB) – que é quem lidera os tucanos em Alagoas – enxerga a possibilidade de acordo com Caldas, já que o PSDB não tem nome próprio para disputar a Prefeitura de Maceió.

 

Há ainda a possibilidade de Alfredo Gaspar construir uma via própria e não depender dos apoios nem de um lado e nem do outro, mas isso – conforme informações de bastidores – interfere diretamente na questão da viabilização da estrutura de campanha. Diante dos holofotes, o procurador-geral de Justiça não trata dessas questões, mas apenas frisa que o desejo e a reflexão em relação a uma possível candidatura existe.

 

“Enquanto homem púbico, eu sempre tive o mesmo sonho baseado nos mesmos princípios: trabalhar para transformar a vida das pessoas para melhor. Claro, um faz isso sendo médico, outro profissional liberal, outros em outras áreas, outro como servidor público. Sempre me pautei por isso. Tem coisa mais bonita que um profissional que faz bem-feito seja lá em que cargo for. Então, foi assim que eu sempre enfrentei os desafios: sabendo dos meus limites, mas capaz de superá-lo por meio do trabalho e esforço”, destacou Gaspar de Mendonça.

 

Ele revela ainda que tirou férias e aproveitou para um momento de reflexão que ainda se estende. “Deus foi muito bondoso comigo. Aos 20 anos, constituí família. Aos 25 anos, iniciei minha vida no Ministério Público. Durante esse percurso, mais de 23 anos, em que realizei grandes sonhos de transformar a vida das pessoas. Cada vez que fui para uma missão dei o melhor de mim. Nunca tive medo de desafios, nem acho que sou capaz de sozinho resolver o problema. Eu escolho os grandes desafios, mas formando equipe e valorizando os profissionais. Tive a proteção de Deus e equipes com as quais tive a oportunidade de trabalhar junto. Assim, os desafios foram enfrentados. Ter meu nome lembrado significa que os desafios, de alguma forma, foram enfrentados com êxito”, pontou.

 

Ao avaliar o cenário, Gaspar de Mendonça já se posiciona como pré-candidato, pois faz um diagnóstico do que seria – em sua visão – os problemas a serem enfrentados em Maceió. Ele destaca a necessidade de “uma revolução no setor do transporte público”, “melhorias a serem feitas na Saúde”, “na Educação” e a necessidade de uma “reengenharia” que foque o serviço público no que é atividade fim da administração municipal, não desperdiçando tantos recursos com a atividade-meio. Em outras palavras, já é uma entrevista concedida com opinião de pré-candidato.

 

Alfredo Gaspar de Mendonça, mesmo ressaltando que está em momento de reflexão, tem se mostrado decidido: “Maceió é belíssima, mas com muitos desafios. Então, o desafio de Maceió – seja quem for o gestor – é gigantesco. Não me acovardarei para tomar uma decisão, mas não é (ser prefeito de Maceió) um desafio para amadores. É para quem deseje mudar a vida das pessoas com projetos concretos”.

 

Sobre o que falta para bater o martelo, Alfredo Gaspar expõe que faz uma revisão de sua carreira. “Foi assim que enfrentei os problemas. Sabendo que tenho um limite, mas que também sou capaz de superá-lo. Cheguei ao topo da minha carreira enquanto chefe do Ministério Público. Aquele rapaz que casou aos 20 anos, aos 25 passou no concurso para promotor e trilhou todos os sonhos da sua vida. Sempre quis ser promotor que atuasse na ponta, mudando a vida das pessoas. Hoje, olho para trás e vejo que fiz isso e posso dar exemplos”.

 

Ele segue: “agora, eu me vejo em uma situação: algo que eu sempre repudiei durante tanto tempo, aprendi – ao longo da minha trajetória – que é o instrumento principal para mudar a vida das pessoas: a política. O cidadão tem a ferramenta principal que é o voto, mas aqueles que estão com a caneta na mão decidem o destino de todos. Você pode decidir de forma positiva ou levar todo mundo para uma tragédia. Hoje, eu tenho consciência que o Executivo é capaz de transformar de forma mais rápida, para melhor ou para pior, a vida das pessoas”.

 

Gaspar de Mendonça diz que tem orgulho de seu nome ser lembrado. “A reflexão (sobre ser candidato ou não) reside no fato de que as pessoas do outro lado talvez não entendam que a política seja essa ferramenta de transformação e não compreendam que existam outras pessoas que desejam de fato trabalhar para melhorar a vida delas, pois já estão desacreditadas. O que isso tem a ver? Por mais que eu deseje trabalhar com os mesmos princípios que trabalhei no MP, eu tenho sérias dúvidas se a população está preparada para achar que alguém abriria mão de uma carreira estável para se doar a uma causa. (…) Isso tem me freado, pois é uma decisão muito difícil”.

 

“Minha dúvida é se fico no MP ou se continuo com os mesmos princípios em outro local, lutando para mudar a vida das pessoas para melhor. Uma coisa eu posso garantir: o Alfredo é um cara transparente, o que eu falo aqui faço entre quatro paredes”, concluiu.

 

Gaspar de Mendonça diz que resolverá o dilema de forma rápida. Mas não marca uma data. Todavia, o martelo será batido ainda esse mês.