O “ninho tucano” em Alagoas pode rachar por conta dos interesses que envolvem o futuro político de Rui Palmeira (PSDB) e do senador Rodrigo Cunha (PSDB).

Palmeira – que passou o comando estadual da legenda para o senador – tem o interesse de ser candidato ao governo do Estado em 2022. Essa também pode ser a pretensão do senador tucano.

Porém, antes disso, há as composições para as eleições de 2020.

De um lado, Rodrigo Cunha tenta – conforme informações de bastidores – costurar alianças políticas que podem até aproximá-lo do deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Em entrevista a este blog, JHC já falou que mantém uma boa relação de diálogo com o senador. No entanto, do outro lado, Rui Palmeira quer que o PSDB tenha um candidato próprio e destaca a possibilidade de união com o parlamentar federal.

Diante desse cenário, Rui Palmeira entregou uma carta ao diretório nacional do PSDB. A carta tem linhas e entrelinhas. Nas entrelinhas, o alvo é Cunha.

O prefeito se apresenta como filiado há 10 anos na legenda, já tendo exercido os cargos de deputado estadual, deputado federal e agora prefeito da capital alagoana. Rui Palmeira passa por cima do diálogo com Rodrigo Cunha – que é o presidente estadual da legenda – para indagar ao diretório nacional se haverá indicação de candidato filiado do partido para disputar o cargo de prefeito de Maceió.

Rui Palmeira está em seu segundo mandato e não pode ser candidato à reeleição. Ao questionar o PSDB nacional, o chefe do Executivo municipal destaca que ter candidato próprio no pleito da capital alagoana se apoia em uma resolução do partido tomada 2019, que “prevê que nos municípios com mais 100 mil eleitores, o PSDB deverá apresentar candidato a prefeito”. É o caso de Maceió.

O tucano lembra que até o presente momento “não houve um posicionamento do partido”. “Registro que, no dia 17/12/2019, após rumores que o PSDB de Alagoas estaria firmando aliança com candidato de outro partido, me reuni com valoroso Senador Rodrigo Cunha, Presidente do Diretório Estadual, solicitando a observância da Resolução CEN-PSDB n° 010/2019”, diz a carta.

O prefeito segue: “Na ocasião, ponderei que, à vista dos bons índices de aprovação da minha administração, o caminho natural seria poder trabalhar para eleger meu sucessor dentro do meu partido. O estimado presidente estadual ficou de responder até o dia 31/01/2020”.

Ao que tudo indica, Rui Palmeira não conseguiu a resposta que queria do senador Rodrigo Cunha e diante desse cenário partiu para pressionar a Executiva nacional do PSDB para ter “a garantia da execução da resolução”.

A carta foi encaminhada no dia 30 de janeiro de 2020.

A carta de Rui Palmeira gerou comentários nos bastidores políticos. Há pessoas próximas ao prefeito que afirmam a possibilidade dele deixar o ninho tucano. Palmeira – nesse caso – teria como destino o Podemos, que hoje é comandado pelo secretário municipal de Iluminação Pública, Tácio Mello.

A ideia seria então a construção de uma candidatura à Prefeitura de Maceió por meio do Podemos. O nome a ser convidado para essa empreitada é o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça. Não se sabe se Gaspar de Mendonça aceitaria o convite.

O problema é que a mudança de partido por parte de Rui Palmeira causa confusão interna no Podemos caso outros pré-candidatos a vereador queiram ingressar na legenda para acompanhar o prefeito. Entre eles, por exemplo, estaria o secretário municipal Eduardo Canuto. É que dentro do Podemos a ideia é que todos os pré-candidatos tenham as mesmas condições e estejam no mesmo patamar de capilaridade eleitoral.