Em épocas onde as ideologias seculares ainda são apresentadas de forma romantizadas por aí, mesmo tendo gerado – como consequências – milhões de mortos, a deputada estadual Cibele Moura (PSDB) destacou o repúdio tanto ao nazismo alemão como ao comunismo soviético e aos desdobramentos da Revolução Russa.

O primeiro repúdio de Moura foi em relação ao ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, que fez alusões a falas do nazista J. Goebbels em um pronunciamento em vídeo. Em minha visão, Moura acertou. É inadmissível que tenhamos referências ao nazismo dentro de um regime democrático.

O nazismo foi uma tragédia do século XX que vitimou milhões de pessoas entre judeus e não judeus. Perseguiu religiosos, atacou a liberdade etc. Uma das boas obras para entender o nazismo é a trilogia de Richard J. Evans: Terceiro Reich.

Evans detalha o regime de forma incrível e mostra como os nazistas chegaram ao poder. É uma verdadeira lição de história.

Todavia, ainda há quem romantize ideologias seculares. É o que aconteceu recentemente com a publicação da deputada federal Talíria Perone (PSOL) ao elogiar Lênin, um dos líderes da Revolução Russa. Lênin é também um sanguinário, como provam seus próprios livros. Aqui destaco O Estado e A Revolução, onde defende abertamente uma ditadura.

Desde que foram denunciados os crimes de Joseph Stalin, em 1953, há uma tentativa de se limpar a barra de Lênin para tentar manter vivo um suposto sentimento romântico de uma revolução pelos mais pobres. Porém, como mostram biógrafos de Lênin – os melhores são Robert Service e Victor Sebestyen – o revolucionário tem muita culpa no cartório, inclusive com uma ordem de enforcamento a camponeses, dentre outros males, como fuzilamentos.

Para quem tiver dúvidas, vale a leitura de História Concisa da Revolução Russa de Richard Pipes, o Livro Negro do Comunismo (vários autores) e Ascensão e Queda do Comunismo de Archie Brown. Na lista ainda vale ser lido A Era da Catástrofe Social de Robert Gellately e Os Camaradas de Robert Service.

Portanto, acerta a deputada estadual Cibele Moura quando faz o repúdio a toda e qualquer ideologia secular. Ele não pode ser seletivo em função da preferência por essa ou aquela ideologia, esse ou aquele ditador. Como diria o compositor gaúcho Humberto Gessinger, “Fidel e Pinochet tiram um sarro de você que não faz nada, yeah, yeah”.

Moura – em suas redes sociais – destaca: “matar milhares de pessoas é justificável a depender da ideologia? Qual fala é pior: Alvim ou Talíria? Não sei dizer. Ambas desrespeitam os valores democráticos que tanto prezo e acredito”.

Tenho algumas divergências com Cibele Moura. Ele parece aderir mais ao liberalismo e eu ao conservadorismo filosófico. Porém, em que pese as divergências naturais de uma democracia, acho importante o repúdio a todos os males oriundos de determinadas ideologias e a defesa – sem qualquer seletividade – da democracia e da liberdade. Ponto para a tucana.