Em conversa com o Cada Minuto, após o momento turbulento que enfrentou em um shopping da parte alta de Maceió, na noite desta sexta-feira (3), a jovem trans paulista Lanna Hellen, contou que nunca havia vivenciado situação parecida.

“Não sou alagoana, estou morando no estado há cerca de dois meses. Em São Paulo nunca sofri esse tipo de discriminação, não tem esse negócio, trans e travestis podem usar o banheiro feminino normalmente. Nunca passei por um constrangimento assim em um lugar público, assim, tão grande”, afirmou

Segundo Lanna, ela estava no shopping e precisou ir ao banheiro, e se dirigiu ao feminino como de costume, mas ao chegar na porta, foi abordada por um segurança que a informou que ela não poderia usá-lo.

“Um segurança, naqueles carrinhos tipo um patinete, me abordou e falou que eu não poderia estar usando o banheiro feminino, por eu ser uma travesti e por ter a opção masculina”, relatou

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Lanna conta que o segurança alegou que uma cliente a viu o momento em que ela se dirigia ao banheiro e acionou. “Ele disse que assim que eu estava indo, uma cliente viu e se incomodou de uma travesti estar usando o banheiro. Aí ele falou que não era para eu estar usando o banheiro feminino do shopping. Foi aonde eu me revoltei e quis desabafar”, completou

Um vídeo enviado ao Cada Minuto, Lanna mostra sua indignação logo que foi abordada pelo segurança no corredor que dá acesso aos banheiros.

Questionada se já foi funcionária de uma loja do shopping, conforme afirmou em nota o estabelecimento, Lanna confirmou que trabalhou em um salão de beleza instalado no local, mas que foi durante um curto período, pouco menos de um mês.

“Durante o tempo que trabalhei no salão, sempre fui usuária do banheiro feminino e, por isso, não entendi porque eu fui impedida de usar. Eles alegaram que foi uma cliente que se incomodou de uma trans estar usando o banheiro feminino, só que eu não tinha nem chegado a entrar no banheiro”, explicou.

Para Lanna falta informação e divulgação quanto aos direitos das pessoas trans e isso evitaria muito constrangimento e preconceito. Ela afirmou que estuda entrar com uma ação contra o shopping.

“Fui informada no local que a administração só funciona de segunda a sexta em horário comercial, por isso não registrei a queixa. Conheço um pouco do mínimo dos meus direitos, sou um pouco leiga perante a lei, não conheço tudo, mas o mínimo dos meus direitos eu conheço. Informação geral sobre o que a gente pode e não pode evitaria coisas desse tipo”, pontuou Lana.

O caso envolvendo Lanna Hellen ganhou repercussão nacional  e ficou entre os assunto mais comentados no Twitter.  Nas redes sociais, internautas pregaram um boicote ao shopping com a hashtag #shoppingpatiotransfobico.Um grupo de ativistas e integrantes da comunidade LGBTQI organizam uma manifestação pacífica para a tarde desta sábado, no interior do shopping.

 

*Estagiária sob supervisão da editoria