Coordenadora de instituto diz que lei de cotas não é levada em consideração pelas empresas

03/12/2019 06:32 - Geral
Por Daniel Paulino*
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Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que apenas 2.273 das 4.184 vagas destinadas às pessoas com deficiências (PcD) foram preenchidas no estado de Alagoas. 

Ainda segundo o Caged, que pertence ao Ministério da Economia, o número de vagas que não foram preenchidas chega a ser equivalente a 54,3% do total.
 
Em entrevista ao Cada Minuto, a coordenadora de mercado de trabalho para PcD, do Instituto Bilíngue de Qualificação e Referência em Surdez (Ires), que pertence a AAPPE, Aline Trindade, afirmou que o cenário no estado é bastante preocupante e que apesar de existir uma lei, que é a lei de cotas, essa cota não é levada em consideração pelas empresas que acabam usando de vários argumentos para dizer que não conseguem contratar. 

“As empresas geralmente dizem que não encontram pessoas suficientes para preencher as vagas e as vezes também alegam que não encontram pessoas qualificadas”, destacou Aline. 

Mesmo com a obrigação legal, ainda há uma grande resistência das empresas em contratar pessoas com deficiência. Dados do antigo Ministério do Trabalho apontam que somete no ano de 2017 cerca de 11 mil empresas ignoraram a obrigação legal da cota.

Aline Trindade disse ainda que algumas vezes as empresas enxergam a contratação dessas pessoas como um prejuízo e não como uma alternativa para acabar com a desigualdade social. “É lamentável, postura ainda existe e precisamos desmistificar o tabu que há em volta da pessoa com deficiência”. 

O deficiente físico Paulo Santos, é autônomo e contou à reportagem que não basta as empresas abrirem vagas, é necessário que haja uma adaptação para que qualquer pessoa possa ter acesso, principalmente o funcionário. “Existem locais que não é possível receber nem o cliente, daí você imagina só se aquela empresa iria ter condições de receber um deficiente”, questionou. 

Paulo pontuou ainda que cabe uma fiscalização não só na aplicação da lei das cotas, mas também na estrutura de algumas empresas. “Tem gente que até tem vontade de trabalhar e ter mais independência, mas você acaba sofrendo mais com a questão da locomoção dentro do ambiente de trabalho do que tudo na vida”, disse.

Aline disse ainda que algumas ações podem serem feitas para que a realidade possa mudar. “Não precisamos apenas de fiscalização, claro que isso é necessário, mas precisamos provocarmos discussões, e desenvolvermos ações como palestras para que através disso todos possam se sensibilizar com a causa”, finalizou. 

*Estagiário sob a supervisão da editoria

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