O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, esteve em Alagoas para participar de um evento do “ninho tucano”. O objetivo da reunião – que contou com a presença do prefeito Rui Palmeira (PSDB) e do senador Rodrigo Cunha (PSDB), dentre tantos filiados da agremiação – foi discutir os rumos da legenda para os próximos anos. Os tucanos enfrentam, desde a última eleição presidencial, quando a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência naufragou, a dificuldade de redefinir o partido.
Agora, na visão de Araújo é necessário que o PSDB modifique algumas formas de ação já pensando nos pleitos de 2020 e 2022. “É um processo de renovação do PSDB. Não se faz política sem diálogo. Alagoas é um estado com história exitosa na vida política do PSDB. Estamos preparando o maior Congresso Nacional da história e estamos ouvindo as bases sobre os temas mais importantes. Alagoas tem um papel fundamental na construção do PSDB nacional, com lideranças com Rui Palmeira, o senador Rodrigo Cunha e uma deputada federal (Tereza Nelma)”, frisou.
Bruno Araújo quer unir – segundo ele mesmo – dois eixos aparentemente contraditórios: abandonar a posição de ficar sempre em cima do muro, que é uma imagem associada aos tucanos e – ao mesmo tempo – não cair no que ele classifica como uma polarização.
Ao ser indagado sobre a visão que a cúpula do PSDB possui quanto ao governo do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, Bruno Araújo destaca: “No campo da economia, temos sido colaboradores não por conta do governo Bolsonaro, mas sim por conta do futuro do país. Assim foram as principais reformas, que foram relatadas pelo PSDB. O PSDB vai reagir sempre quando houver excessos no campo do comportamento, da civilização. Esse é um dos temas que será tirado também da nossa convenção em dezembro”, salientou.
Alagoas
Para 2020, Bruno Araújo afirma que acredita em uma construção de uma candidatura forte em Maceió com um nome do próprio partido. “Vamos tentar construir com a presidência do Rodrigo Cunha e ampliar o número de candidatos no Estado de Alagoas. O PSDB em Alagoas é um caso de sucesso, pois já vencemos eleições presidenciais aqui na época do Lula, em momento em que havia uma posição nacional mais favorável ao PT. Então, Alagoas sempre teve uma atenção muito grande do PSDB”, explica.
O problema é que o PSDB não se renovou em Alagoas e parte para uma eleição sem – como atestam as mais recentes pesquisas – um nome de peso que possa configurar, ao menos no cenário de hoje, entre os líderes das intenções de voto.
Renovação
Quanto à renovação, Bruno Araújo foi questionado como se daria esse processo. Se era hora do partido rever pautas, alinhar-se mais à direita e não à esquerda e até mesmo abandonar os chamados caciques de cabeça branca. Eis que ele responde: “Abandonar a exitação, a dúvida, aquela percepção de que o PSDB está em cima do muro. Nós vamos ter posições objetivas sobre o que nós pensamos sobre serviço público, drogas, aborto, redução de maior idade penal, posse e porte de arma, sobre os temas que tomam conta da vida das pessoas. Essas posições vão fortalecer cada deputado federal, cada senador e cada deputado estadual. Vamos nos reunir com os deputados do partido para também começar a fixar posições. Nós vamos transformar o PSDB num partido de qualidade, com posição firme em cada tema”.
“Nós temos a crença de que o PSDB tem importantes quadros, que é o partido que melhor forma quadros no país e que ainda tem muito a contribuir para o Brasil”, pontou ainda Bruno Araújo.
Todavia, mesmo buscando um discurso de posição definida, ainda há na fala de Bruno Araújo muito de indefinição. Ao ser indagado se as reformas que pretende levará o PSDB mais para a direita ou pela esquerda, ele diz apenas que “o PSDB é Brasil”. “O PSDB é o Brasil. É um partido que tem a visão nesse momento de que Lula e Bolsonaro se retroalimentam e nós defendemos a moderação, o caminho do centro, com propostas que ajudem a gerar emprego, gerar renda, diminuir desigualdade, trazer dinheiro para o Nordeste. É o Brasil. O PSDB tem a obrigação de sair da polarização e construir um ambiente de serenidade”, concluiu.
Em outras palavras, há momentos em que Bruno Araújo lembra Geraldo Alckmin em campanha.