No dia de ontem, comentei aqui sobre os reflexos da criação do Aliança Pelo Brasil – novo partido proposto pelo presidente Jair Bolsonaro – no rumo dos diretórios regionais e municipais do PSL.

Como disse, a questão é simples: para Bolsonaro, o novo partido só será necessário em 2022, quando ele se candidatará á presidência da República. Porém, para muitos que estão no PSL o impacto é imediato, já que disputam eleições no próximo ano.

Muitos desses pré-candidatos pretendem estar associados à imagem de Jair Bolsonaro e aos resultados positivos do governo federal. Todavia, diante do desgaste entre Bolsonaro e o PSL, é mais fácil ter o apoio do presidente fora da sigla do que dentro dela.

Por outro lado, quem quiser deixar o PSL pode acabar sem partido, já que dificilmente o Aliança Pelo Brasil se consolidará para o próximo pleito municipal.

É simples de entender. Difícil de lidar.

Em Alagoas, a situação não é diferente.

Retorno ao assunto porque no dia de ontem não havia conseguido conversar com o presidente estadual do PSL, Flávio Moreno. Quando Moreno respondeu aos meus questionamentos, eu já havia publicado o texto anterior.

O presidente estadual do PSL afirma que ainda aguarda maiores definições em relação a questão partidária e que – por essa razão – segue na legenda.

“Continuo leal ao presidente Jair Bolsonaro Com criação de partido ou não, continuo legal. Sou quem mais defende o presidente Bolsonaro em Alagoas, conforme se comprova nas redes sociais, durante campanha e na mídia”, pontou Flávio Moreno.

De acordo com ele, a saída de Bolsonaro do PSL não mudará a sua posição. “Somente o presidente Bolsonaro e o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, dizem que saíram do partido. Os deputados federais continuam. A democracia brasileira permite a criação de partidos políticos. Em breve, deve ser criado, conforme pronunciamento do presidente Bolsonaro. É louvável a criação de mais um partido de direita, assim se confirmando. A direita, os liberais e os conservadores agradecem, pois terão mais uma opção. A esquerda tem vários partidos. Estamos aguardando os desdobramentos”, concluiu.

A fala de Moreno confirma o que venho pontuando: não é uma questão fácil a ser travada nos diretórios regionais e municipais que buscam se estruturar para as eleições de 2020. Há uma ruptura entre Bolsonaro e o PSL que divide a legenda entre os “bolsonaristas” e os “bivaristas”.

A tendência é que o primeiro bloco acompanhe o presidente. É mais fácil, evidentemente, para quem não tem a eleição como meta. Obviamente, pensar no processo eleitoral é legítimo, uma vez que é o projeto de ocupação de espaços tanto para a direita quanto para a esquerda. É do jogo democrático.

O que pode ocorrer é o seguinte: muitos dos que permanecerem no PSL terão – junto à opinião pública e, em especial, aos apoiadores de Bolsonaro – a fidelidade questionada. A pressão será cada vez maior com o passar do tempo.