É inegável que o atual governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) enfrenta crises (por vezes provocadas por declarações infelizes do próprio chefe do Executivo) desnecessárias, quando poderia estar, do ponto de vista da comunicação, trabalhando melhor os resultados positivos que tem conquistado, como os dados da macroeconomia, a recuperação da arrecadação, a redução dos números da violência, o trabalho do ministério dos Transportes, dentre outros pontos.

Há, evidentemente, um ranço ideológico por uma significativa parcela da imprensa que enxerga o governo pela óptica progressista e “analisa” os problemas sem o senso de proporcionalidade devido. É preciso que haja o senso de proporcionalidade diante das coisas e – a partir disso – todo governo pode ser (e deve ser) alvo de críticas.

Uma dessas, por exemplo, é a permanência do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Não me agrada ter no primeiro escalão alguém indiciado pela Polícia Federal pelo uso de laranjas em campanha eleitoral.

Não é prejulgamento, pois Marcelo Álvaro tem – como qualquer brasileiro – o direito ao amplo contraditório. Mas, na política, determinadas denúncias possuem seus reflexos. Afastá-lo do cargo seria dizer: que se investigue e se puna se culpado; ou se inocente, caso absolvido. E aí, pode até voltar a função. Simples assim.

As confusões do PSL também são lamentáveis. No meio delas, uma série de memes que parecem oriundas do ginasial. Como piada funcionam e o humor é fundamental. Porém, é complicado quando isso passa a ser o mais importante na “infowar”.

Então, mesmo eu defendendo uma visão de mundo que se encaixa à direita (e democraticamente isso é meu direito), tenho sim críticas pontuais a esse governo.

Todavia, reconheço que muito tem sido feito, como por exemplo, na agenda econômica em que se pensa no saneamento das contas públicas, na redução do poder coercitivo da máquina estatal, na revisão do pacto federativo e na redução da carga tributária.

Espero que isso tudo ocorra, pois é o esperado e cada passo nesse sentido encontra resposta por parte do mercado, como ocorreu ontem com a bolsa de valores: mais um recorde batido.

Os dados macroeconômicos começam a chegar no “micro” com a recuperação – ainda que lenta – dos postos de trabalho. É demonstrado um controle sobre a inflação, o que também é positivo. Além disso, não vemos – pelo menos até aqui – os grandes escândalos de corrupção do passado, onde essa ferramenta nociva era usada como parte da estratégia de manutenção do poder.

Tudo isso – repito - me faz aplicar o senso de proporcionalidade ao criticar o atual governo, pois ainda lembro muito bem do que governantes fizeram “no verão passado”, sobretudo o PT e seus quadrilheiros com mensalões e petrolões da vida.

Dito isto, eis que no meio das turbulências, uma entrevista concedida por um membro do alto escalão do governo – o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas – dá o exemplo, na prática, do que é se comunicar de forma transparente, lúcida, pensada, refletida e pensando no país.

Ele faz isso sem esquecer de como chegou ao local onde se encontra, citando o compromisso do presidente com a visão técnica prevalecendo na pasta.

Tarcísio Gomes não possui um ministério fácil, pois há muito o que fazer nesse país. Em quatro anos, obviamente, ele não conseguirá fazer tudo, mas – no ritmo em que está indo – deixará sua contribuição.

Gomes tem trabalhado para desburocratizar, acelerar obras importantes e dar continuidade ao que houve de positivo no passado, em que pese os “esquemões” antigos com empreiteiras a cada quilômetro construído. Hábito que foi mudado.

No final do primeiro semestre, o ministro já havia apresentado um balanço de suas ações na pasta. Falou dos números positivos em relação às rodovias, concessões, obras e mostrou tudo dentro de um planejamento sustentável, com etapas que continham início, meio e fim. Quem tiver dúvidas, pode pesquisar sobre isso no site do ministério.

Acompanho esses dados e digo: é um dos melhores nomes que já passaram pela pasta.

Na entrevista recente, ao jornalista Pedro Bial, Tarcísio Gomes não se deixou levar por discussões políticas, soube ser educado, mas incisivo e claro para com o ouvinte. Demonstrou não ter sido picado pela mosca azul ao afirmar que não pensa em carreira política (o que seria legítimo, pois tem se habilitado para isso diante do trabalho realizado).

Ao ser indagado sobre o assunto, respondeu: “não traço (carreira política). Eu cheguei em um lugar que eu nunca imaginei que eu fosse chegar. Realmente, isso só foi possível porque o Bolsonaro chegou ao poder e ele resolveu romper com todos os paradigmas. Porque se fosse outro cara, teriam indicado de algum partido político lá e não seria o meu perfil. Com toda certeza, eu não teria nunca espaço em um governo. Então, o que está acontecendo na minha vida já é muito maravilhoso. Estou tendo uma oportunidade de ouro, né? Eu quero aproveitar essa oportunidade para fazer o melhor. Tem um país que precisa de infraestrutura, têm pessoas que sofrem por falta de infraestrutura, tem vidas que são ceifadas e a gente tem que fazer o melhor para dar infraestrutura para essas pessoas. E eu vou aproveitar essa oportunidade com unhas e dentes, com a minha equipe que está extremamente motiva para fazer (…) Quando chegar no final da jornada, quero só dizer: ‘não vivemos em vão’”.

Tarcísio Gomes ainda pontou que governos e ministérios possuem prazos de validade. Ninguém é ministro, presidente, deputado, senador etc para sempre. É um cargo onde se encontra. Infelizmente, no Brasil – e em outros cantos do mundo também – todos querem se perpetuar e muitos se vendem como salvadores da pátria, pais dos pobres, dentre outros rótulos autoatribuídos do populismo.

Sem se prender a ideologizações, Gomes ressaltou a importância de olhar para as coisas de maneira técnica, com respeito à realidade, “para tocar as coisas como precisam ser tocadas”.

É uma entrevista, caro (a) leitor (a), que merece ser assistida com atenção. Creio ser esta a melhor entrevista concedida por um ministro do governo de Bolsonaro, incluindo as entrevistas do presidente.

Por sinal, os próprios membros do governo deveriam assisti-la com atenção. As coisas que Gomes pontua – sem aspirações vaidosas e com bastante simplicidade – conquista a confiança de quem quer o bem do país.

Em geral, nós jornalistas (e assim tem que ser), somos severamente críticos ao acompanhar os fatos e denunciar o que anda errado. Isso deve ser feito, com responsabilidade e com a noção do compromisso com a verdade. Mas, seria covardia não pontuar, no meio de tantas brigas sem sentido e por coisas tão desimportantes para a população, a sobriedade de Tarcísio Gomes ao falar da missão que lhe foi confiada. Torço para que o ministro não se perca no caminho e concretize tudo o que tem planejado, pois no campo das ideias, ele trilha o caminho certo.