Conversei, nesse fim de semana, com a deputada federal e líder na Câmara dos Deputados, Joice Hasselmann (PSL). No bate-papo, indaguei a parlamentar sobre as divergências que estão existindo dentro da própria direita, entre conservadores.
Além disso, questionei a relação do presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL) com o Congresso Nacional, diante das reformas que ainda virão e do atraso para conseguir aprovar a Reforma da Previdência.
Hasselmann ainda deixa claro o desejo de disputar a Prefeitura de São Paulo em 2020. Na visão dela, ganhar a administração municipal da capital paulista é de fundamental importância para manter a direita no governo federal em 2022.
Confira a conversa na íntegra:
Como líder, a senhora tem tido um papel fundamental para o Executivo dentro da Câmara de Deputados. Nesse momento, em que por lá já passou a Reforma da Previdência e outras reformas virão, além de pautas econômicas e – logo em seguida – pautas de costumes, como a senhora avalia hoje a relação entre o Executivo e o Legislativo? A senhora acredita que o Executivo tem acertado nessa relação? O Legislativo tem sido mais “amigo” ou “inimigo” do governo?
Depende muito da pauta, né? Ali a gente tem aliados em algumas pautas e inimigos em outras. A pauta econômica tem sido uma pauta relativamente tranquila, apesar da confusão que vocês acompanham. Nada é fácil no Congresso, tá gente? São 513 deputados e 81 senadores. Tem gente boa, gente ruim, gente doida, gente pensa, gente que não pensa. Então, para você conseguir articular com tanta gente tão diferente é um baita desafio que eu estou ali o tempo todo tentando vencer. Mas estamos entregando. Mesmo com a dificuldade que aparece o que interessa para o povo é a entrega. Nós estamos entregando a Reforma da Previdência na Câmara com 379 votos. Vamos entregar no Senado. Claro: é a nossa Reforma dos sonhos? Não porque ela foi desidratada em alguns pontos. Lamentavelmente, faz parte da Constituição. A maioria vence. Não tem o que fazer. Então, de vez em quando o Congresso dá umas mexidas ali e é do processo democrático. Como o Olavo diz: a democracia é uma grande porcaria, mas ainda é o melhor regime que tem. Não tem o que fazer. É do processo e a gente precisa continuar trabalhando, conversando. Eu muitas vezes dou um passinho para trás. Eu tenho vontade de pular no pescoço de um, mas engulo sapo, converso, porque o presidente precisa de gente para fazer essa ponte entre o governo e o Congresso. Caso contrário, nada sai. Se formos só para a beligerância, só para a guerra, nada sai e continuaremos uma guerra eterna sem entregar nada para o Brasil. Eu quero ajudar a construir o Brasil e vê dinheiro no bolso do povo. Quero a reconstrução da Educação, reconstrução da cultura e para fazer isso a gente precisa ter voto (no Congresso) e é isso que eu busco dia e noite no Congresso Nacional. Para
A senhora tem falado sobre a importância de ganhar a Prefeitura de São Paulo, agora em 2020, para o PSL. Até falou que está disposta a disputar a Prefeitura. Por que a senhora enxerga que é tão importante assim disputar e ganhar o Executivo municipal de São Paulo para o processo político vindouro? Por que não pode ser visto apenas como uma disputa paroquial?
Não é importante para o PSL. A importância é para o Brasil. Eu não estou preocupada especificamente com partido A, B ou C. Não estou falando aqui que estou na luta apenas pelo meu partido. Pois quando você pensa apenas em um partido e não no país, você pensa só no seu umbigo. Eu não estou pensando no meu umbigo. Eu não estou pensando puramente na questão partidária. Eu penso no país como um todo. Nós temos que impedir a volta da esquerda e a esquerda certamente vai tentar chegar nas principais máquinas municipais, vai pegar essas máquinas, usar essas máquinas para justamente tentar voltar para a presidência. Então, para proteger a direita, que precisa continuar no poder para reconstruir o país, é preciso ganhar as prefeituras. Eu sei que há alternância de poder e a gente pode discutir isso durante um século. Mas nós precisamos de mais tempo para consertar o Brasil. E para a gente manter a direita, manter as reformas e o conservadorismo nos costumes, nós temos que estar lá defendendo essas pautas. Não podemos deixar a Prefeitura de São Paulo nas mãos da esquerda, pois ela vai usar tudo que pode, toda máquina para poder voltar em 2022. Então, ganhar a Prefeitura de São Paulo é garantir que o nosso Brasil continuará na mão da direita.
Como a senhora tem visto essas divergências que tem acontecido no campo da direita, por exemplo, inclusive entre conservadores?
Eu acho pouco inteligente. É um tiro no pé, na verdade. Às vezes eu fico pensando se não são infiltrados dentro da direita que na verdade estão beneficiando a esquerda. Eu tenho muito receio disso. Você não pode ser um conservador de direita sem pensar, não dá. O cara tem que saber o que é. Ele tem que saber ler, entender, compreender. Nunca um analfabeto funcional pode dizer o que é um conservador, pois ele nem sabe o que é isso. Então, eu fico pensando se essas pessoas são realmente conservadoras, sabem o que é ser um conservador, sabem o que é ser de direita, ou se estão jogando contra, fingindo-se ser de direita, fingindo-se ser conservador. É um tiro no pé, é uma burrice. O problema de algumas pessoas é realmente a falta de tutano, falta de cérebro pensante. Hoje, dividir os movimentos de direita, ficar um provocando o outro, por que não gosta disso ou daquilo, é fortalecer a esquerda. Parabéns para esses gênios! A gente tem é que pegar quem pensa realmente no Brasil e colocar para trabalhar.