O promotor de Justiça, Coaracy Fonseca, soltou o verbo após o Conselho Superior do Ministério Público afastá-lo por 60 dias da função. Tentei falar com Fonseca no dia de ontem, mas não consegui. Ele – após a decisão – deu uma entrevista à Gazetaweb onde diz que seu afastamento é por questões políticas.
Em outras palavras, Coaracy Fonseca se diz perseguido por ter investigado o governo de Renan Filho (MDB). Uma de suas últimas ações mirou no vice-governador e secretário de Educação, Luciano Barbosa (MDB), por conta de uma ação envolvendo uma escola que atende alunos com autismo. Ele cobra adequações na unidade e pede punições para Barbosa.
Nas redes sociais, Coaracy Fonseca falou do atual procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça. “Só comunico ao senhor PGJ (Alfredo Gaspar) que não adianta me ameaçar com ações. Vou continuar a exercer o meu ofício de promotor de Justiça de acordo com a lei, nem mais nem menos. Sou um técnico do direito. Agora, se o senhor quiser fazer comigo a teratologia que fez com uma filha de desembargador terá a devida resposta técnica”, postou Coaracy Fonseca.
Na manhã de hoje, consegui contato com Alfredo Gaspar de Mendonça sobre essas declarações que expõem uma briga interna dentro do Ministério Público Estadual. O procurador-geral de Justiça afirma que não vai – pelo menos nesse momento – comentar o assunto.
“Eu estou viajando. Estou em Salvador, na reunião do Colégio de Procuradores de Justiça dos estados. Estou analisando as declarações dadas pelo promotor para dar a resposta mais adequada”, comentou Alfredo Gaspar de Mendonça que não quis ir mais adiante no assunto.
As declarações de Coaracy Fonseca são gravíssimas. Ele aponta para o chefe do Executivo estadual, Renan Filho (MDB), sugerindo que existe uma suposta proteção no Ministério Público Estadual. Além de atacar Alfredo Gaspar, o promotor também ataca o ex-procurador-geral Eduardo Tavares, insinuando supostas irregularidades em uma consultoria realizada por Tavares na época em que comandava o MP. As falas – independente de quem tenha razão ou não – acabam por abrir uma crise na instituição.
Fonseca também comenta sobre seu afastamento. Ele diz que – após todas as declarações – vai partir para o silêncio. “Simplesmente feliz. Vou recolher-me ao silêncio por orientação da família e alguns poucos, mas verdadeiros, amigos leais. Vou preparar a minha defesa em todas as instituições e instâncias. Já existem um mandado de segurança e um agravo de instrumento no Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, da relatoria da desembargadora Elisabeth Carvalho”, encerra.