O cenário para a o disputa da Prefeitura Municipal de Maceió, no próximo ano, está aberto. Em que pese as mais recentes pesquisas eleitorais apontarem os nomes do deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB), e do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, todos os pré-candidatos postos possuem imensos desafios, sobretudo diante do cenário polarizado que vive o país.
Um dos primeiros desafios de uma majoritária é que ninguém é candidato de si mesmo. Há - portanto - a necessidade da construção de grupos políticos, alianças que viabilizem a candidatura e - obviamente - a capilaridade política para crescer junto ao eleitorado. Há candidaturas que fogem às regras, mas as chances de êxito acabam por diminuir.
Porém, um dos motivos pelo qual o cenário está aberto é a ausência de renovação - em Alagoas - entre as lideranças políticas. O PSDB e o MDB - que são os partidos que capitaneiam os dois maiores blocos - são exemplos claros disso. Tudo no MDB orbita ao redor do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros. Nomes que até possuem expressividade hoje - como o da deputada Jó Pereira (MDB) - sequer são cogitados.
Do outro lado, o PSDB - que já teve seus tempos áureos - tem em suas principais estrelas um cacique que abandonou os pleitos, que é o ex-senador e ex-governador Teotonio Vilela Filho; um prefeito que não pode mais ser candidato, pois está no segundo mandato (Rui Palmeira) e o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que hoje é a peça de maior destaque da legenda, mas participará do próximo processo eleitoral de forma indireta. Cunha já disse que não disputará cargos.
Dificilmente o PSDB se renova. Há uma chance grande dele se tornar coadjuvante no processo eleitoral local.
Fora dos principais grupos, o PSL deve lançar candidatura à Prefeitura de Maceió. Possui dois nomes: o deputado estadual Cabo Bebeto (o mais cotado) e o dirigente partidário Flávio Moreno. O partido depende da bandeira do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A depender do discurso e dos resultados do governo federal, poderá crescer no pleito. Porém, traz também para si o olhar dos críticos em relação à gestão federal. Natural do processo.
Outras candidaturas de partidos mais “solitários” também podem surgir, como um nome do PSOL, o que já é praxe.
Nesse ambiente, parte do parlamento estadual tenta construir uma candidatura à majoritária. Trata-se do deputado estadual Davi Davino (PP). O PP do parlamentar é parte do bloco de sustentação do prefeito Rui Palmeira. Dentro da prefeitura, a agremiação também traz um outro nome que sonha com candidatura: o vice-prefeito Marcelo Palmeira.
O desafio de Davi Davino é imenso e não depende apenas dele, mas de um poder de articulação que consiga unir um grupo para além dos deputados estaduais que hoje o estimulam. Além disso, Davi Davino tem que fazer seu mandato dialogar mais com os problemas enfrentados por Maceió. Uma eleição majoritária não é uma eleição de “nicho”. Dadas as circunstâncias, não se espantem se Davi Davino morrer na praia.
O deputado segue com um discurso apoiado apenas em suas bases. Erro!
As pesquisas mostram seu nome - ainda que não nas primeiras colocações - porém isso é fruto das bases eleitorais que possui em Maceió com alguns trabalhos que desenvolve em comunidades. Isso é suficiente para o espaço que ele ocupa, mas não para ampliar voo maiores. Se tiver ao seu lado o bloco de sustentação do prefeito Rui Palmeira, pode conseguir uma vitória importante, pois amplia os tentáculos.
Todavia, o PSDB tem acalentado o desejo de uma candidatura própria. Um dos nomes que buscam esse espaço é o presidente da Câmara Municipal de Maceió, Kelmann Vieira. O senador Rodrigo Cunha - que comanda o ninho tucano - pode ainda trabalhar para um apoio ao deputado federal JHC, mesmo com esse não se bicando com o atual prefeito. Cunha e JHC são próximos politicamente.
No grupo no qual se encontra, Davi Davino tem hoje o apoio de alguns deputados estaduais, como Bruno Toledo (PROS). Mas, ao que tudo indica, não tem ido além disso. Pelo menos até aqui. Ser apontado como o candidato da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas - ainda que seja apenas de um grupo da Casa e não da Casa em si - é uma faca de dois gumes, pois o parlamento também tem os seus problemas de imagem.
Davi Davino precisa de algo que é difícil de construir em pouco tempo: uma marca própria, uma imagem de que é capaz de encarar os desafios que o Executivo impõe. Isso não se resume a uma tribuna na Casa de Tavares Bastos, pois inclui problemas sérios que a gestão possui, como por exemplo, lidar com a questão providenciaria, a dependência do Fundo de Participação Municipal (FPM), dentre outros. É exigido dele uma maturidade política e estratégias que amplie a presença de seu nome, que não tem a mesma capilaridade de JHC, Rodrigo Cunha e outros.
O deputado não possui essa imagem hoje.
O jovem parlamentar - entretanto - parece estar disposto. Agora, precisará de muita coisa para que não seja apenas um sonho de uma noite de verão estimulado por colegas que - quando o xadrez começar de fato a ser jogado - podem pular do barco em função das alianças que comecem a costurar.