Leio, na Coluna Labafero, que o governador Renan Filho (MDB) comprou a briga com o senador Fernando Collor de Mello (PROS) em uma recente entrevista cujo tema era a segurança pública. Ao ser indagado sobre o baixo efetivo policial de Alagoas, o chefe do Executivo estadual rebateu um jornalista das Organizações Arnon de Mello: “Essa Alagoas que você está falando é a Alagoas do Collor”.

Com base nessa declaração obtida pela Labafero, vale uma pequena análise...

A declaração é fruto do ambiente político. O xadrez que está sendo jogado aponta para a próxima disputa pelo Senado Federal, que se dará em 2022. O senador Fernando Collor de Mello enxerga Renan Filho como um potencial rival. O governador reeleito deve partir para disputar a única vaga em questão nas próximas eleições. Collor – que se encontra licenciado – partirá para a tentativa de renovar o mandato.

Já houve uma tentativa de antecipar essa disputa no ano passado, quando Collor ensaiou uma candidatura ao governo estadual com o apoio do PSDB, do PP e de outras legendas, incluindo o PROS (partido no qual se encontra). Porém, as legendas de sustentação da candidatura do senador acabaram saindo do palanque e isso fez Collor desistir da disputa, sendo substituído pelo ex-superintendente da Polícia Federal, José Pinto de Luna (PROS).

Renan Filho venceu aquela eleição com facilidade.

O emedebista agora faz a leitura de que Collor está utilizando o jornal Gazeta de Alagoas para atacá-lo. O fato é que o jornalismo da Gazeta tem – independente das motivações – trazido temas relevantes que se sustentam e para os quais – querendo ou não – o governador tem que dar respostas.

Cito, como já fiz nesse blog, o caso envolvendo o Hemoal de Arapiraca, em que foram gastos R$ 600 mil para depois se abandonar a obra. Não importa a motivação editorial, isso é um fato. Logo, é jornalismo. Se surge em função do xadrez político, é lamentável. Porém, em nada isso diminui o óbvio: o governo estadual precisa dar respostas.

A Gazeta de Alagoas também aborda a questão do Fundo de Erradicação de Combate à Pobreza. Já tratei do tema aqui várias vezes e até mesmo, pois ele possui sim relevância. É óbvio que a linha editorial da Gazeta se tornou mais agressiva em relação ao governo estadual, mas até aqui tem atacado com substância. Renan Filho – entretanto – trouxe Collor para o jogo e, por mais que não diga com todas as letras, o faz por isso.

O que os dois personagens não perceberam ainda – ou, pelo menos, nesse momento não é interessante perceber – é que outros nomes podem surgir nessa corrida eleitoral. Destaco, como já fiz anteriormente, o crescimento que vem ocorrendo com a emedebista e deputada estadual Jó Pereira. Outros partidos devem construir nomes também e, a depender dos resultados da eleição de 2020, outras realidades podem se configurar. É que a briga entre Collor e Renan Filho pode não ser combinada com os russos, como diz o dito popular.

Agora, se Renan Filho alfineta Fernando Collor de Mello e se Collor tem o interesse em desconstruir Renan Filho, eis uma realidade da qual os dois não podem fugir: o senador do PROS chegou ao Senado Federal em 2006 pelo pequeno PRTB, mas se reelegeu – pelo PTB – com o apoio do senador Renan Calheiros e de Renan Filho, em uma coligação ampla ocorrida em 2014. Eram aliados.

Collor já teve espaços dentro da administração estadual de Renan Filho em função da aliança política, somente rompendo em 2018. A história política de Alagoas é de idas e vindas. Isso faz com que situação e oposição sejam definidas apenas por xadrez político mesmo. Isso vale muito mais do que diferenças substanciais entre grupos e projetos. É assim desde sempre. É mais do mesmo...