Não se pode negar que o ex-deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) tem capilaridade eleitoral na capital alagoana. Isso, mesmo quando derrotado na disputa pela Câmara de Deputados, foi comprovado. Ronaldo Lessa serviu de escada para a matemática dos votos na chapa a qual fez parte. Talvez, se tivesse do outro lado – na chapa em que se tinha o PSDB, o PROS e outras agremiações – tivesse tido melhor êxito.

O fato da existência de uma capilaridade e de um recall em relação ao nome de Lessa é a realidade anima o PDT que, ao sair do governo de Renan Filho (MDB), se estrutura na tentativa de sustentar uma pré-candidatura à Prefeitura de Maceió.

No entanto, ninguém é candidato de si mesmo.

Por mais que o PDT force falando de outros nomes na legenda – como o de Kátia Born etc – a realidade é que absolutamente todo o partido, se o assunto for uma majoritária, orbita em torno do nome de Ronaldo Lessa. Ele não é apenas a maior expressão do partido nesse sentido. Ele é a única expressão do partido para uma candidatura desse porte e diante dos possíveis adversários.

Lessa ainda traz consigo – é válido lembrar – o descrédito de todo o campo progressista. Isso tem seu peso, sobretudo nos movimentos eleitorais dos últimos tempos em que se busca a novidade e o discurso reoxigenado.

Não bastasse isso, falta (hoje) à agremiação de Lessa um grupo. O ex-deputado federal que antes – quando tinha mandato – era disputado como aliado, em função do peso da legenda, tempo de televisão e outras coisas, não é mais o mesmo Lessa de agora, sem mandato e sem o mesmo peso político de épocas passadas.

Se Ronaldo Lessa se aliar ao grupo da Prefeitura de Maceió – que tem como principal nome o prefeito Rui Palmeira (PSDB) – não terá garantia de nada. Por lá, já existem legendas (dentre elas o PP) que também possuem seus pré-candidatos, como o vice-prefeito Marcelo Palmeira e até mesmo o deputado estadual Davi Davino. O máximo que Lessa conseguiria de imediato é espaço para cargos e nenhum compromisso em relação ao seu nome encabeçar o grupo. O PDT está sozinho.

A realidade de que Lessa não é mais o mesmo é a forma como foi tratado no Executivo estadual. Ficou em uma pasta que não tem muita atenção do governo estadual. Acreditou que poderia fazer muito, mas se deparou com a morosidade dos programas sociais. Sofreu – como bem lembrou o deputado estadual Davi Maia (Democratas) – uma “humilhação pública”.

Todavia, quem observar a História verá que Ronaldo Lessa também paga por suas escolhas. Quando saiu do governo estadual, acreditava que estava eleito senador em função do índice de aprovação que tinha. Ele foi atropelado pela novidade daquele pleito: o retorno do ex-presidente Fernando Collor de Mello – na época pelo pequeno PRTB – à vida pública. Collor foi eleito senador da República ao desbancar um ex-governador do Estado que tinha toda uma rede de apoios.

Na sequência, Lessa teve a oportunidade de disputar o Senado Federal com maiores chances, já que seriam duas vagas, ainda que a eleição contasse com Heloísa Helena (na época no PSOL), Renan Calheiros (MDB) e o senador Benedito de Lira (PP). Todavia, Lessa caiu no canto de sereia do emedebista Renan Calheiros e assumiu ser cabeça de chapa numa disputa pelo governo do Estado contra quem tinha a máquina: o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Renan Calheiros – que sempre trabalhou para tirar possíveis adversários no tapetão – ajudou a sepultar uma chance de Lessa ali. O pedetista aceitou!

Depois, fez a loucura de disputar a Prefeitura de Maceió em meio a uma briga com a Justiça. Sofreu uma humilhante saída do pleito. Com isso, o PDT – que foi um partido que teve seus tempos áureos em Alagoas – foi se encolhendo, com nomes menores que orbitavam em torno de Ronaldo Lessa. Nem os cargos ocupados, por meio das alianças políticas, fez surgir novas lideranças orgânicas na agremiação. O partido se resumiu ao seu passado e sem qualquer perspectiva de futuro. Só Ronaldo Lessa era a sua identidade.

Coube a Lessa entrar na disputa por uma das cadeiras da Câmara de Deputados. Sua capilaridade permitia isso e ele teve êxito. Nesse tempo, também se afastou do MDB e se aliou aos tucanos. O discurso era contraditório e pesava sobre a imagem o tal fisiologismo político das alianças por cargos. Depois, se afastou dos tucanos para regressar ao MDB na tentativa de se reeleger deputado federal. Perdeu!

A derrota foi sonora! A secretaria foi um prêmio de consolação diante do governo estadual não ter conseguido costurar alianças que permitissem que Lessa – já que ocupa a primeira suplência – retornasse a Brasília.

Agora, Lessa é uma figura isolada. É a cara de um velho “progressismo alagoano”. Já não cabe aquele seu discurso de “luta contra as forças de atraso”. PDT soa como um museu que não se renova. Os novos nomes e os que ocupam espaços – como Inácio Loiola na Assembleia Legislativa – não são pedetistas orgânicos. Seriam quem são em qualquer outro partido. A legenda carece de identidade para andar sozinha e falta peso político para traçar alianças.

Hoje, diante das circunstâncias, uma pré-candidatura de Lessa – ou de qualquer outro pedetista – é só um sonho de uma noite de verão. As coisas só mudarão se o ex-deputado federal conseguir se inserir em algum grupo político que lhe dê base de sustentação e permita que ele venha a renascer na luta contra o ostracismo.

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