Braskem diz que relatório da CPRM sobre rachaduras possui inconsistências e conclusões precipitadas

03/07/2019 19:44 - Maceió
Por Redação*
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A Braskem declarou nesta quarta-feira (3), por meio de nota encaminhada à imprensa, que a conclusão do relatório do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) sobre as rachaduras nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, em Maceió, divulgado em maio deste ano, apresenta “inconsistências e conclusões precipitadas". A petroquímica diz que o órgão antecipou as conclusões por causa de pressões políticas.

O texto foi assinado pelo presidente da empresa, Fernando Musa. Segundo a petroquímica, as conclusões apresentadas no laudo da CPRM foram apressadas. A empresa também informou que já contestou o relatório preliminar do órgão na Justiça.

O relatório apresentado pela CPRM, no dia 12 de maio, apontou relação direta entre a instabilidade do solo nos referidos bairros de Maceió e a extração de minério realizada pela Braskem.

No entanto, a empresa afirma que, após analisar de forma mais profunda os anexos do relatório, foram identificadas diversas inconsistências e que não há informações técnicas suficientes para chegar a uma conclusão. Ainda segundo a Braskem, faltam finalizar os sonares do conjunto de 35 poços de extração de sal-gema.

No texto, a petroquímica ressalta que, ao antecipar a divulgação do relatório, a CPRM concluiu estudos levando em conta dados de apenas 8 sonares, que finalizados na época. “Com apenas 8 minas analisadas, não é possível afirmar que a causa dos eventos seja a extração de sal”, diz a nota.

A empresa afirma que, atualmente, dos 35 poços, 13 foram analisados por meio de sonares e conforme os resultados apresentados, até o momento, estão estáveis. A previsão é de que o estudo de todos os poços termine no final deste ano.

Para a Braskem, há divergências de interpretação entre sua análise e a feita pela CPRM, em relação aos resultados dos sonares, e outros pontos que foram considerados pelo relatório.

A petroquímica ainda que apresentou a contestação do relatório à Justiça no dia 14 de junho. Nela, a Braskem defende que a CPRM não cumpriu o prazo original previsto para concluir os estudos e se antecipou em concluir o mesmo por conta da pressão política.

Na ação, a Braskem defende que a CPRM não cumpriu o prazo original previsto para concluir os estudos e diz que o órgão público antecipou suas conclusões por causa da pressão política.

De acordo com a Braskem, os pontos no relatório da CPRM que apresentam divergência são:

  • Sobre a afirmação da CPRM de que quatro minas teriam desabado - Sonares concluídos mais recentemente atestam que as minas estão em condições de estabilidade e não poderiam ter influência nos fenômenos geológicos.
  • A CPRM acusa o aumento de tamanho de algumas minas- a Braskem diz que o relatório não considerou que as minas estavam em operação, e esse aumento está tecnicamente dentro do esperado.
  • Poços vazios- Segundo a Braskem, ao contrário do que foi colocado no relatório, não foram identificados poços vazios. O corte utilizado pela CPRM no estudo foi à profundidade de 900 metros. Mas ali realmente não seria possível encontrar, uma vez que a cavidade em questão estava a uma profundidade maior.
  • Estudos da CPRM não terem considerado a falha geológica existente no bairro do Pinheiro e os abalos sísmicos registrados- A petroquimica afirma que essa falha, segundo geólogos especialistas, teria sido reativada por conta da sucessão de vários abalos sísmicos, principalmente os que ocorreram com maior frequência a partir de 2016. Essa falha percorre uma região que vai de Feira de Santana, na Bahia, até Alagoas, chegando ao Atlântico.

Sobre os abalos cismicos, a Braskem divulgou a análise do geólogo Renato Senna, formado pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Senna trabalhou por 40 anos – de 1965 a 1995 - na Petrobras, onde pesquisou inúmeros fenômenos na região Nordeste.

“Há muitos anos, temos registros de abalos sísmicos nessa região. O tremor registrado em março de 2018, no bairro do Pinheiro, foi filmado e nos assustou. É como se sacudisse a terra – e isso causa danos. Agora imagine 16 tremores, um atrás do outro? Há cerca de dois meses, ocorreram quatro tremores em Sergipe e casas racharam. Isso não é uma peculiaridade de Maceió”, detalha Renato Senna.

A Braskem diz que está concluindo os estudos geológicos na região com apoio de especialistas para aprofundar o entendimento no sentido de melhor identificar as causas dos fenômenos que têm impactado a região. “Essa etapa é importante pois, só a partir de um diagnóstico preciso, será possível entender as soluções definitivas que devem ser aplicadas”, finaliza a nota assinada por Fernando Musa.

 

*Com informações da Assessoria

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