A fala de um professor de filosofia do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) campus Maceió chegou ao Ministro da Educação, Abraham Weintraub, que pediu- ao internauta que o enviou - para que o vídeo fosse encaminhado ao Ministério da Educação (MEC). O Ministro também soltou uma nota afirmando que “professores da rede pública estão coagindo os estudantes a irem aos protestos”. Em contato com o professor Wanderlan Porto, a reportagem foi informada de que ele foi ameaçado após ter o vídeo divulgado.
Antes do ato em defesa da educação marcado para essa quinta-feira (30), o professor Wanderlan Porto e outros professores foram convocados pelo grêmio estudantil do IFAL para que pudessem falar sobre a manifestação.
Em um trecho do vídeo, o professor disse que o Ifal estava “fechando as portas e que as bolsas de pesquisa acabavam em setembro”. “Se nós não lutarmos nós teremos um passado para lembrar, mas não teremos um futuro para nos orgulhar”, diz Wanderlan.
Porém, segundo a professora Elaine dos Santos, o ministro utilizou um trecho do vídeo de Wanderlan e se posicionou afirmando que “o governo acredita que as manifestações democráticas e pacíficas são direito de todos os brasileiros, contra ou a favor”. Para ele, o que não pode acontecer “é a coação de pessoas, que um ambiente escolar, público, crie algum constrangimento aos alunos a participarem dos eventos”.
“Isso foi muito grave. O professor nunca se envolveu em nada errado para ser chamado de elemento. A versão que o ministro apresentou foi editada, não foi verdadeira”, afirmou Elaine.
Em contato com o professor Wanderlan, a reportagem foi informada que os alunos estavam em um momento de intervalo e que ele contou a trajetória estudantil dentro do Instituto já que foi convidado – junto com outros docentes – para falar sobre os contingenciamentos na educação.
Conforme ele explicou, após a veiculação do vídeo, Porto recebeu ataques nas redes sociais e foi chamado de “criminoso” por perfis que ele não tem conhecimento. “Disseram que se me encontrassem na rua iam me encher de porrada. Precisei privar os perfis por causa dos ataques. Antes deixava meu perfil público porque como educador entendo que devo proporcionar diálogos”, contou.
Ainda em nota, Abraham disse que está recebendo, no MEC, cartas e mensagens de muitos pais e alunos, citando que alguns professores estão coagindo os alunos, falando que eles serão punidos de alguma forma caso eles não participem das manifestações. “Isso é ilegal, isso não pode acontecer”.
No twitter, o ministro responde a um internauta que questiona sobre o vídeo dizendo que "primeiro precisa apurar, abrir um PAD e que demora um pouco para esse "servidor" ser exonerado. "Porém abrir um PAD já assusta muito essa turma de "corajosos" que usa crianças e menores de idade como bucha de canhão", afirmou o ministro.

Por fim, a professora Elaine defendeu Wanderlan e disse que não houve coerção como o ministro está falando, mas que existe um "sensacionalismo para colocar os professores de escola pública como inimigos da população". "Quando na verdade são esses professores que se preocupam de fato com a educação dos mais pobres".
*estagiário sob a supervisão da editoria










