Em tese, pela formação dos blocos na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, era de se esperar que os discursos mais duros em relação às críticas ao governo do Estado de Alagoas surgissem do deputado Davi Maia (Democratas) ou do deputado estadual Bruno Toledo (PROS).
É que ambos são de oposição e até possuem críticas ao atual Executivo, cumprindo esse papel. Todavia, os ataques mais consistentes ao governo estadual nascem de uma outra fonte: a deputada estadual Jó Pereira (MDB).
Jó não é apenas da base governista. Ela é do partido do governador Renan Filho (MDB). O grupo político ao qual faz parte e ainda possui cargo no primeiro escalão: a pasta do Meio Ambiente. Isso, no entanto, não impediu a parlamentar de articular uma derrubada do veto ao governo e de reclamar de distribuição de sementes, do programa do leite, dentre outros assuntos incômodos ao Executivo.
Agora, Jó Pereira toca em outra ferida: a ausência do Plano Estadual previsto na lei que regulamentou o Fundo Estadual de Combate e Erradicação do Pobreza (Fecoep). De acordo com ela, o Fundo continua sendo utilizado de forma geral, sem foco e na missão principal. Vale lembrar que o assunto foi abordado na legislatura passada pelo deputado estadual Bruno Toledo (PROS), que fez parte do conselho do Fecoep.
Toledo questionou as práticas e acabou sendo substituído do conselho por parte do Executivo estadual. Pereira entrou no assunto o final de seu primeiro mandato. Na época, Toledo chegou a cogitar convidar membros do Fecoep e do governo para esclarecimentos sobre as políticas na Assembleia Legislativa. Ele criticou o uso de recursos do fundo para ações que não eram objetivos principais do Fecoep, com a questão envolvendo os hospitais.
O tema volta na atual legislatura por meio da deputada estadual Jó Pereira. É importante salientar – por uma questão de Justiça – que o problema atravessa governos, já que são duas décadas de ausência do Plano Estadual.
A fala de Pereira:
“O lenço, criado recolhendo parte do suor do trabalho de toda uma sociedade, voltado para enxugar lágrimas alagoanas da extrema pobreza, idealizado principalmente para sinalizar o novo caminho do resgate social, passa lamentavelmente, há décadas, a ser usado como lençol, como fonte do tudo faz e nada combate efetivamente. Tentativa frustrante de complemento aos diversos desafios que o verdadeiro lençol orçamentário deveria cobrir”, avaliou, pontuando que áreas como saúde, educação e infraestrutura possuem recursos próprios e oriundos de diversas fontes”.
Pereira coloca o Fundo como sem planejamento, o que pode acarretar de um dia o contribuinte alagoano não aceitar mais colaborar para sua existência. Ela fala como se houvesse escolha para o pagador de impostos diante do poder coercitivo estatal ao determinar cobranças, tributos etc. Nesse ponto, portanto, é mera retórica!
No mais, sobre os discursos de Jó Pereira – no conjunto da obra – o deputado estadual Olavo Calheiros (MDB), que é tio do governador Renan Filho (MDB), classificou a parlamentar como uma opositora mais ferrenha que os opositores já conhecidos, ao menos nesse momento inicial da legislatura. E não é que, por incrível que pareça, Olavo (o Calheiros) tem razão! É, Olavo tem razão…
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