O Canal do Sertão é uma das obras mais polêmicas da recente História de Alagoas. Ele já virou cabo eleitoral de vários políticos, foi anunciado como uma das prioridades por vários governos e se tornou uma obra que caminha de forma lenta, atravessando gerações.
Os recursos empregados na obra já foram alvo de operação da Polícia Federal (2017) e colocou até o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), como alvo. Portanto, não é um problema só de agora. A coisa se arrasta apesar de alguns avanços que existiram nas últimas gestões estaduais.
Tido como esperança para muitos sertanejos a espera de água, diante das adversidades da seca do Sertão, o Canal ainda faz a população aguardar algumas promessas. Por conta disso, mais uma vez foi o centro dos debates em uma audiência pública na Casa de Tavares Bastos.
Muitos deputados estaduais se posicionaram e um dos pontos que foi colocado em xeque foi justamente a sua gestão. O objetivo da sessão, convocada pelo deputado Inácio Loiola (PDT), era encontrar soluções para viabilizar a chegada da água para a agricultura familiar. De acordo com o presidente da Comissão de Agricultura, parlamentar Yvan Beltrão (PSD), é importante que o parlamento tenha assento no Comitê Gestor do Canal do Sertão.
Beltrão diz que a Assembleia precisa fazer parte da gestão para ajudar a tirar o assunto do papel. Uma das falas que chama atenção é do deputado estadual Davi Maia (Democratas). O opositor ao governo Renan Filho (MDB) destacou que visitou o Canal do Sertão no dia 2 de maio. Maia apresentou um vídeo em que mostra a dificuldade dos agricultores para se ter acesso à água.
“Os agricultores passam sede e fome sem conseguir produzir. O governo do Estado prometeu kits de irrigação, sabe quantos chegaram? Nenhum”, frisou o parlamentar do Democratas. A sentença é forte. Mostra que – apesar dos vários milhões já empregados na obra – o Canal segue distante de seu objetivo final.
Ângela Garrote também se posicionou. De acordo com ela, o Canal é “cantado em verso e prosa, faz parte dos discursos oficiais e das forças vivas da sociedade”, mas demonstrou ausência de esperanças de que as obras sejam concluídas dentro do prazo previsto pelo atual governo estadual. Mais uma crítica.
Gilvan Barros Filho (PSD) ainda foi mais duro ao indagar as intenções do governo de Renan Filho para com o Canal do Sertão. “O que o governo do Estado quer do Canal? Precisamos fazer reflexões para poder construir algo de bom para deixar para os alagoanos”. Ele classificou a gestão do Canal como “burocrática” o que dificultaria a geração de emprego na região.
Até a deputada estadual Fátima Canuto (PRTB) – que indicou a nora para o primeiro escalão do governo – fez pontuações duras, cobrando modelo de gestão. Jó Pereira (MDB) destacou que programas que visam distribuição de sementes, aquisição de alimentos e o do leite não foram executados, mas precisam de prioridade na agenda do Fundo Estadual de Erradicação e Combate à Pobreza (Fecoep).
Em outras palavras: a sessão foi uma chuva de críticas à ausência de uma gestão efetiva de uma das obras que atravessa o tempo em Alagoas, mesmo estando sempre presente em todos os discursos de políticos. Não por acaso, o Canal do Sertão já foi cabo eleitoral de muita gente.
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