Os moradores dos bairros afetados pelas rachaduras ficaram frustrados essa semana com o laudo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) que não foi entregue. A população estava ansiosa para saber quem é o responsável pelo afundamento do solo nas regiões, mas vão precisar aguardar até o dia 08 de maio para receber essa resposta.
Enquanto isso, os moradores continuam de mãos atadas e buscando solucionar o problema que começou em 2018 após uma forte chuva.
O Cada Minuto entrevista dessa semana conversou com o representante do Movimento SOS Pinheiro, Geraldo Vasconcelos, que falou sobre a sensação de frustração já que o laudo não foi entregue e disse que o Executivo Municipal abandonou o bairro.
Entretanto, mesmo com tantos problemas, Geraldo diz acreditar que o bairro pode ser revitalizado um dia.
Confira a entrevista completa abaixo:
1)O laudo não foi entregue e uma nova data foi dada. Qual a sensação que os moradores estão com essa situação?
Sensação de muita frustração, de muita revolta. Porque o morador sabe que o relatório já está pronto. E o relatório foi entregue ao ministro. Entretanto, pra quê o ministro colocou mais oito dias para poder passar esse laudo e esse relatório para a população? Então a população fica perplexa com relação isso daí (sic). E dá margem a uma série de conjecturas. Por quê? Alguma modificação vai ser feita nesse relatório? Por qual não entregou no mesmo dia 30? No mesmo dia 30 que foi entregue a ele não dito, apresentado para a população? Fica essa incógnita aberta e a população fica ansiosa. A população precisa. O morador do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, eles precisam tomar um rumo na vida
2) Você acha que o Poder Público tem dado a importância necessária para o assunto?
O poder público, especialmente o Executivo Municipal, ele abandonou o bairro. O bairro está abandonado, sujo, e você não vê movimentação da defesa civil aqui no bairro desde a audiência no Senado. Tudo esperando por esse laudo. Muita coisa pode ser feita aqui no bairro. Deve ser feita. Especialmente na questão da evacuação e nós não temos o laudo. Fica todo mundo, todas as instituições esperando pelo laudo. Porque esse vínculo, eu não entendo, nós não entendemos. Muita coisa tem que ser feita aqui que independe do laudo. Se o município quer que as pessoas realmente evacuem o bairro, por medida preventiva, que prevenção é essa que você coloca 60 a 70 dias para um morador receber a primeira parcela do aluguel social? A quadra chuvosa chegará. Já chegou, já iniciou, e em junho muita gente vai está aqui no bairro. E não deveria está.
3) O senhor acredita que a Braskem é a responsável pelo afundamento do solo?
Tudo indica que seja. Porque a área geográfica atingida pela questão geológica, é exatamente a área onde estão os poços da Braskem. Lá na própria audiência do Senado já houve o indício. Já se apontava para a questão da mineração, mas nada definitivo. É necessário que se tenha realmente o laudo para poder acusar formalmente se a empresa tem esse vínculo com essa questão geológica. Qualquer palpite em relação a isso vai ser mera conjectura. Precisa aguardar o laudo realmente.
4) Ao todo são três bairros que estão com rachaduras nos imóveis e nas ruas, mas você acredita que bairros como o Mutange e Bebedouro estão sendo “esquecidos?” já que fala mais no Pinheiro?
Eu acredito o seguinte: é uma questão só de processo. O Mutange e o Bebedouro, eles entraram posteriormente ao Pinheiro. O processo de evacuação do Pinheiro já estava em andamento. Então, veio o Mutange e Bebedouro. Logo em seguida a questão do laudo. Aí, como eu falei anteriormente, a defesa civil parou suas atividades tanto no Pinheiro, como no Mutange e Bebedouro. Agora o Mutange e o Bebedouro estão em fases diferentes da nossa, em fase de levantamento cadastral das pessoas. Enquanto aqui no bairro do Pinheiro, já passou por essa fase e está faltando uma segunda fase de acrescentar casas que racharam. Muita gente está com a casa rachada e não tem a classificação de risco. Sem essa classificação ela não tem a oportunidade de ter acesso ao aluguel social.
5) Olhando para o futuro... como você vê esses bairros daqui pra frente?
Todos nós somos otimistas com relação a que o bairro, mais tarde, dois ou três anos, ele seja revitalizado. Acreditamos que haja possibilidade de engenharia para que isso se normalize. E normalizando, parando esse processo de abatimento que está existindo nas residências, haja a parte de conserto dessa situação. E eu sou otimista com relação a isso. A engenharia, como foi dito, o doutor Tales falou, o professor Abel também fala muito. Há solução para isso. E em função disso, nós somos otimistas. Somos guerreiros, vamos à luta. Mas somos otimistas que o bairro seja um bairro melhor do que ele é.
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