A democracia pressupõe lados. É até óbvio afirmar isso, mas não se faz democracia com imposição de hegemonia. Radicais de carteirinha existirão em todos os lugares, em todas as visões. E falo aqui não do radical que vai à raiz da crença que defende para sustentar suas ideias, mas – como se tornou atualmente o vocábulo – o sinônimo de fanatismo.

Diante disso, é natural existirem eleitores com o pensamento mais liberal, mais conservador, mais progressista, sociais-democratas e até mesmo os que ainda defendem o comunismo, que é um regime que já foi responsável por milhões de mortes em todo o mundo, sendo tão nefasto em suas práticas quanto o nazismo de Hitler.

Que exista quem – nesse debate – busque as desqualificações não é surpresa.

Todavia, o que explica o fenômeno da eleição do presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL) é uma rejeição ao estamento burocrático que tomou conta da política por completo. Foram inúmeros escândalos de corrupção como uma sistemática de poder, que ficou visível com o mensalão e com o petrolão.

E isso é só a superfície, pois nunca se foi debatido pela grande mídia o que se queria (e se quer) com o Foro de São Paulo, entidade que abrigou (e abriga) diversos partidos brasileiros, agremiações de outros países e até as Farcs em uma aliança deliberativa para que as esquerdas tomassem conta do poder por anos em toda a América Latina. Indico aqui a obra Mitos e Falácias de Carlos Rangel.

Tal esquema fez do Brasil um “cofre” das empreitadas, como é visível com os empréstimos do BNDES, em que o suado dinheiro dos impostos financiou obras em republiquetas ditatoriais – como Cuba e Venezuela – sem que o cidadão soubesse detalhes. Um tremendo prejuízo aos cofres públicos.

O estamento burocrático – e não apenas o PT – ainda foi o responsável pelo crescimento da violência, pelos discursos da bandidolatria, pelos péssimos índices da Educação, que se preocupava mais com a propaganda em cima do quantitativo que do qualitativo. Os rankings falam por si só.

No sistema financeiro, lucros monstruosos para os banqueiros, privilégios aos amigos do rei – como vimos nos casos envolvendo empreiteiras, JBS e outros – dentro de um Estado cada vez mais interventor e com legislações que interferiam diretamente na vida do cidadão, burocratizando ao mesmo tempo em que prestava péssimos serviços públicos.

Diante da tragédia anunciada, a contabilidade criativa para maquiar as contas públicas e fingir está tudo bem. Vimos a ameaça do retorno da inflação, o desrespeito às leis e a falência das instituições. Sem contar com a Justiça – diante dos vácuos de poder – se tornando mais ativista que guardiã da Constituição.

Bolsonaro surgiu como uma alternativa. Prometeu quebrar o estamento burocrático, reestabelecer a ordem e mostrou respeito por valores que fazem parte do cotidiano de uma imensa parcela dos brasileiros. Como isso foi de encontro ao sistema, todo mundo que demonstrou apoio a ele – em um primeiro momento – foi chamado de fascista.

O presidente tem defeitos. Tem frases estapafúrdias sim. Mas, os radicais de um lado fizeram questão de colocar no outro o rótulo de fascista, serem agressivos, sem nem entender que fascismo é querer que o Estado controle tudo, que é justamente aquilo que se rejeita. O cidadão comum foi se revoltando com essa turba do politicamente correto, com os tolerantes que só pregam tolerância entre suas ideias e tudo que fuja à cartilha passa a ser visto como “extremismo”.

O presidente ganhou a eleição. Seu governo acertou em alguns pontos e erra em outros. Como erro, por exemplo, perdeu tempo demais com as confusões envolvendo o Ministério da Educação. É grave. A pasta pareceu ficar paralisada. É justamente uma área sensível que requer resultados para mudar os rankings negativos construídos ao longo da História. Espero que com a troca de ministros, acerte.

Há erros também em seu partido. Há por lá oportunistas, os laranjas que precisam ser investigados e até uma recente denúncia ecoada pela deputada estadual Janaina Paschoal envolvendo o ministro do Turismo. Que seja investigado. Quem for podre, que se quebre!

Todavia, na economia – com exceção da recente medida de intervenção no preço dos combustíveis – tem acertado e ganha confiança do mercado, como mostram os resultados da Bolsa de Valores. Acerta ao pensar em privatizações, ao buscar reduzir a burocracia estatal e fazer com que o Estado interfira bem menos. Espero que siga esse rumo, pois é o que garantiu desenvolvimento e redução de miséria em países que adotaram esse caminho, como a Coreia do Sul, por exemplo. É que o ranking de liberdade econômica – não por acaso – coincide com o ranking de desenvolvimento humano e social. É só comparar.

Que governos erram é um fato. Esse ainda errará mais. O balanço entre erros e acertos e a vigilância de uma oposição séria - e não da bancada da chupeta vermelha - é que vai fazer a diferença.

É preciso sim ser crítico. Acertaram os que criticaram - a meu ver – a ação intervencionista recente, como os que cobraram do MEC postura. Sem radicalismos, o país avança.

E que nesse avanço – que espero que ocorra – tenhamos uma democracia sólida com o espaço para o debate de todas as ideias: da esquerda à direita, em seus tons. E aí, o eleitor que decida que rumo quer tomar. Que tenhamos agremiações libertárias, liberais, conservadoras, progressistas, sociais-democratas, enfim...que elas se confrontem por meio de projetos.

Como Michael Oakeshott – um importante pensador político – não vejo a política como território de salvadores da pátria, mas como o espaço para adoção de medidas com base em ideias que possuem consequências.

Razão pela qual defendo um país livre de toda e qualquer hegemonia e dentro disso, expresso minhas convicções: defesa do livre-mercado, moralidade objetiva, Justiça não ativista, respeito ao Estado Democrático de Direito, e a defesa intransigente de direitos que enxergo como pré-civis: vida, liberdade e propriedade.  

Isto, dentro do atual espectro político, faz de mim alguém alinhado à direita e assumo isso para o meu leitor. E dentro disso, rejeição total a qualquer sinal de totalitarismo como os que foram impostos pela visão comunista, nazista e fascista. Três pragas do século XX que ainda fazem filhos por aí.

O que me espanta não é a crítica ao governo federal atual, que pode e deve ser feita. Mas sim a crítica daqueles que parecem acreditar que tudo antes era um mar de rosas quando – na realidade – tivemos o maior escândalo de corrupção do mundo quando de posse de uma máquina estatal gigantesca, fazendo de estatais território de “amigos” e gastando o dinheiro do povo com práticas nefastas que nos renderam os índices negativos que temos hoje, nas mais diversas áreas.

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