Mais uma vez uma película – por envolver pensadores que não são da esquerda – é criticado sem ser visto e até posto como um filme governista, por alguns críticos quando, muito provavelmente, nada discutirá de política. Trata-se da obra Milagre, documentário de Mauro Ventura.
O filme promete abordar, do ponto de vista de uma investigação filosófica, o fenômeno do milagre no Cristianismo. Ora, qualquer pessoa sabe que as discussões sobre os milagres fazem parte da religião e também das ciências, por vezes em posturas opostas, devido ao modernismo.
É que a crença em uma transcendentalidade faz parte da História humana desde que o mundo é mundo. Nessa transcendentalidade, a relação do homem com a Fé.
Como mostra Denis Fustel de Coulanges (1830-1899) – que era um autor positivista, diga-se de passagem – tal relação, em cidades antigas da Grécia, Roma e Índia do período Antes de Cristo, produziu significativas mudanças nos povos, desenvolvendo leis morais, respeito aos mortos, religiões domésticas e até o reconhecimento de direitos da família, da propriedade privada etc.
Abordar os milagres de uma perspectiva filosófica não significa deixar de lado a ciência. E assim como o homem é livre para não acreditar, é também livre para crer. É parte da essência do livre-arbítrio e justo que existiam discussões que abordem todos os lados. O espectador, o estudioso, o mero curioso que decida por si e tire suas conclusões.
De minha parte, não escondo a ninguém: sou católico. Logo, cristão e creio em milagres. Agora, não banalizo.
A estreia de Milagres é prevista para o final desse mês após uma campanha de financiamento coletivo. Chega aos cinemas sem dinheiro público e por mérito de seu autor e de quem acreditou na ideia. Só julgarei a película depois de assistir.
No entanto, há um entrevistado do documentário que muito me chama atenção: Wolfgang Smith.
Smith é um físico e filósofo da ciência que é autor de uma obra que muito me agradou, chamada Enigma Quântico. Ele não é um crítico da ciência, pois é cientista. É um crítico do cientificismo que extirpa as investigações filosóficas e metafísicas de questões que fazem parte da humanidade e sempre farão quando nos deparamos com os absurdos existenciais e coisas que por si só a ciência não explica.
É o que se pode observar em outra obra sua Ciência e Mito. Por sinal, o próprio Santo Tomás de Aquino – em seu tomismo-aristotélico – é um filósofo que elogia a razão humana e a predisposição das ciências nas descobertas. Apenas acredita em um fim último do homem e na Revelação, o que faz argumentando na Suma Teológica.
A prova viva de que a ciência não precisa ser vista como inimiga para quem tem fé é o sacerdote Georges Lemaître, que é o autor da teoria do Big Bang. Durante muito tempo, essa foi alvo de críticos justamente pela posição religiosa de seu autor. Hoje, se dissocia de seu nascimento. Outros exemplos podem ser citados, como Mendel.
Pretendo assistir o documentário de Mauro Ventura, que conta ainda com o doutor Raphael de Paola, que é especialista em Teoria Quântica dos Corpos.
Depois de assistir, aí sim: minhas impressões.
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