Não se trata aqui de uma análise de mérito, mas a exposição do fato por si só. O leitor que a faça de forma livre. Sobre o mérito, pode ser que eu retorne ao assunto.
O senador Rodrigo Cunha (PSDB) - que já foi acusado por muitos de ser um bolsonarista às escondidas (a mais recente insinuação neste sentido veio do deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT)) - demonstrou apoio ao convite, aprovado na Comissão de Transparência do Senado Federal, feito ao ex-ministro Gustavo Bebianno.
Cunha, em suas redes sociais, diz que está dentro das atribuições desta Comissão no Senado Federal: "trazer autoridades para prestar esclarecimentos e interesse nacional".
Trata-se de uma proposição do senador Randolfe Rodrigues (Rede). O placar foi apertado. Foram seis votos favoráveis e cinco contrários. Ainda não há data marcada para a Comissão ouvir Bebianno. Randolfe Rodrigues quer saber sobre o financiamento de campanha do presidente.
O papel de Cunha?
Bem, segundo informações da Agência Senado, a aprovação foi precedida de uma discussão sobre a regimentalidade do convite, já que Bebianno não é mais ministro e a Comissão não teria a competência para ouvi-lo como cidadão, mas apenas como autoridade. Rodrigo Cunha - que preside a Comissão - acatou a interpretação de que as comissões permanentes são aptas, segundo a Constituição Federal, para solicitar o depoimento de qualquer pessoa.
Não adiantou as falas dos senadores Major Olimpo (PSL) e Rodrigo Pacheco (Democratas) para lembrar que o caso da candidata laranja em Pernambuco já estava sendo investigado pela Justiça Eleitoral e pelo Ministério Público, sendo portanto, só possível de ser tratado no Senado Federal se houvesse uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tivesse referência ao assunto.
É claro que a oposição - e é da política - vai tentar fazer a festa!
Esse fato demonstra o que já disse aqui: a posição de Cunha na eleição para a presidência do Senado Federal se dá muito mais por uma oposição ao senador Renan Calheiros (MDB), que ainda é reflexo da política paroquial e das circunstâncias que levou o tucano a se eleger, do que qualquer aproximação de Cunha com uma direita ou com o governo federal. Simples assim.
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