Não é oficial e nem foi dito pelo governo de Renan Filho (MDB). Todavia, na sessão da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas - convocada para analisar o rateio do Fundeb - o deputado estadual Sílvio Camelo (PV) foi tratado como "líder do governo" pelo também deputado estadual Bruno Toledo (PROS).
Parlamentares que convocaram a sessão estranharam o fato do Executivo não ter requerido celeridade para apreciação da pauta que geraria mais dinheiro no bolso dos professores.
Vale frisar: a sessão foi uma convocação extraordinária da Casa para apreciar o projeto encaminhado pelo Executivo para tratar do rateio. Ela foi convocada pelos deputados estaduais e não pelo governador Renan Filho.
Durante a sessão, a oposição frisou que os professores esperam desde o ano passado. "Estão sendo penalizados há muito tempo e a gente tem que reparar", colocou o opositor Davi Maia (Democratas). Nas entrelinhas, ele responsabilizou o Executivo pela demora em solicitar a apreciação da matéria e frisou que isto só ocorre porque a oposição se deu conta da importância do projeto.
"Estamos antecipando para corrigir um erro do governo", complementa Maia.
Maia - na tribuna - já se colocou como oposição. Ele é relator da matéria na Casa de Tavares Bastos.
Silvio Camelo, que é situação, pediu vistas do processo ao pedir para contraditar Maia. "Ouvi atentamente o relator, sei da competência do deputado e acredito que o governo vem fazendo um grande trabalho na área da Educação também. Podiamos citar as reformas nas escolas, valorização dos servidores. Isso é uma característica do governador Renan Filho", iniciou.
Camelo disse ter dúvidas das emendas à matéria e por isso solicitou - como líder do PV - o adiamento da matéria para "um juízo de valor mais correto".
O presidente da Casa, Marcelo Victor (Solidariedade) fez consulta sobre a possibilidade de adiameto e destacou: "A Assembleia foi convocada de forma extraordinária, o regimento não diz o momento de pedir o adiamento. Então, interpreto da forma mais ampla e a qualquer momento que um líder pedir adiamento, nós iremos conceder. Mas antes de conceder digo o seguinte: se adiar a discussão da matéria só a votaremos no retorno dos trabalhos ordinários".
Na discussão, Toledo pediu a palavra e destacou que Camelo já agia como líder do governo. "Prabenizo o esforço coletivo da Casa para minimizar o problema provocado pelo governo do Estado, precisando a Casa se reunir de forma extraordinária para definir o rateio. Nos anteriores, isso não foi preciso. Esta Casa sempre autorizou de forma assertiva e tempo hábil, inclusive sabendo da injeção da economia no Estado de Alagoas. Estes recursos já poderiam estar na economia há dois meses", frisou.
"Nós não temos ainda um líder do governo de direito, mas temos um de fato. O deputado Sílvio Camelo aqui é a voz do governo querendo adiar a sessão. Senhores deputados, todo o esforço para juntar essa Casa não é interesse do governo. Isso fica muito claro. Caso contrário já teríamos votado, como foi em anos anteriores. Não se pode colocar a culpa na conta do relator. Não há mistério na emenda do relator. Não é justo que a culpa caia no deputado Davi Maia", sentenciou Bruno Toledo.
Toledo também frisou o trabalho da oposição para garantir o rateio. E ironizou que para o governador, os recursos aos professores não era urgência. "Esta Casa não recebeu sequer uma ligação pedindo para essa sessão acontecer. Ora, senhores, qual é relação que vamos querer daqui pra frente. O parlamento se reúne de forma plural e juntando forças para corrigir uma anomalia criada com o governo do Estado e precisamos resolver", finalizou Toledo, solicitando consenso para votar a matéria.
Em todo caso, os deputados estaduais aprovaram o rateio dos recursos apesar de Sílvio Camelo.
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