O senador Renan Calheiros (MDB) tem todo o direito de rebater críticas que venha a sofrer na imprensa. Tem todo o direito de colocar sua visão sobre os fatos que se desenrolaram na nefasta eleição para a presidência do Senado. Não vejo - por exemplo - muito a comemorar na eleição daquela Casa. 

Entre vitórias e derrotas, custa muito a crer que nesses espaços o país saia vitorioso. Geralmente, no jogo do poder, muda-se quem compõe o banquete para que migalhas depois sejam distribuídas. Espero estar errado. Mas sou cético em relação aos nossos senadores e deputados, independente de partidos. 

O ceticismo político - conceito caro a quem estua Michael Oakeshott - me impede de euforias em relação ao nome do senador Davi Alcolumbre (Democratas), portanto. Quem o toma como salvador da pátria por conta das circunstâncias, que tenha um pouco de calma...

Além disso, houve manobras para tudo que é lado. Desde as regimentais em uma sessão preparatória, ao usurpar de uma pasta de documentos pela senadora Kátia Abreu (PDT), passando pela desistência de Renan Calheiros que se dá quando as coisas já estavam perdidas e ele não quis sair derrotado. 

Então, isso por si só abre margem para todo tipo de interpretação. Que elas surjam na imprensa. A opinião da jornalista Dora Kramer é só mais uma delas. Nela, Renan Calheiros foi desenhado como arrogante e se enfureceu com isso. O emedebista alagoano tem todo o direito de não concordar e rebater, até de forma incisiva. Porém, não indo ao nível baixo que foi. 

Mas, Calheiros optou - de forma consciente - a ultrapassar todos os limites. E dizer isto independe de quem seja Dora Kramer e das opiniões que ela professe ou das relações que mantenha com fontes ou com o poder. 

Eu, particularmente, discordo de muitas de suas visões. O ataque do senador da República à jornalista foi cruel e mesquinho, tentando humilhá-la ao citar coisas íntimas sobre as quais passam a pairar dúvidas. Assim, não expôs apenas Kramer, mas pessoas que nada tinham a ver com a questão e até um ex-senador falecido, na expectativa de atingir a rival emedebista Simone Tebet. 

Renan Calheiros perdeu o controle. Perdeu as estribeiras e partiu para um ataque que pegou muito mal e mostrou que não soube reagir e digerir uma derrota. O senador apagou o twitter, mas chegou a ter uma repercussão ainda na noite e madrugada de ontem. O print - que eterniza as coisas na rede - circula por aí e revela um fato lamentável para um senador da República. 

Não basta Renan Calheiros apagar. O correto seria o pedido de desculpas. Mas, isto parece ser muito para o novo e o velho Calheiros. 

No entanto, Renan Calheiros não é um dos políticos tidos por muitos como "de direita", que é o que parece ser o maior pecado nos meios da inteligêcia orgânica. Então, Dora Kramer não contará com o ato de repúdio de muitos. 

Todavia, mesmo discordando de Kramer, sou solidário a ela no que diz respeito a ter o direito de escrever o que bem entenda em sua coluna. Aqueles que se sentirem atingidos ou julgue que há injustiças por ela publicada, recorram aos meios adequados e não a ataques vis que mostra muito mais de quem faz do que de quem os recebe. 

Estou no twitter: @lulavilar