Tenho acopanhado a disputa pela presidência do Senado Federal aqui nesse blog. Desde então, pontuo três coisas: 1) o senador Renan Calheiros (MDB) assumiu um discurso de quem não liga para uma candidatura diante dos holofotes da imprensa, mas trabalhou como pode para ser o escolhido de uma bancada; 2) assim tinha o discurso pronto para ser o candidato á presidência do Senado Federal hoje, 01, como quem parte para um missão dada pelos pares e 3) assim retorna à presidência do Poder Legislativo como se nunca tivesse trabalhado muito por ela.
Renan Calheiros é um enxadrista-mor da República. Todo aquele papo de não ter apego pela cadeira da presidência, de já ter sido presidente outras vezes e até de se colocar - em um momento - como eleitor da senadora Simone Tebet (MDB) era pura balela. Calheiros queria e quer ser presidente. Mas a forma como trabalhou o habilitou para qualquer discurso: se desse certo, seria o escolhido. Se errado, não teria desgastes.
Calheiros entra na eleição da forma como sempre quis e com a construção de laços com o governo do presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL), mesmo tendo sido no passado mais petistas que muitos petistas por aí. Mais lulista que muitos lulistas por aí. Sabe como é, as circunstâncias de lá pediam. As de cá, agora são outras.
O presidente Bolsonaro, inclusive, ligou para Calheiros e o emedebista fez questão de vazar a notícia. O enxadrista se reformula como um "camelão" - como já fez tantas vezes - e feito uma "fênix renascida" brinca até dizendo que agora é um "Renan liberal" e não um "Renan estatizante".
No final das contas, é o velho Renan Calheiros em busca do que gosta, quer e sabe trabalhar por isso.
Agora é esperar a votação no Senando Federal.
Mas para resumir a questão, é assim:
MDB "escolhe" Renan Calheiros para a presidência do Senado. Escolher aí tem um sentido bem mais amplo do que aquele do Dicionário Aurélio. É quase um "ungir" após prévia articulação de quem buscava a "unção". O homem que sempre foi candidato, agora aparece como candidato dos outros, após ter demonstrado até desinteresse pela disputa e declarado voto a uma rival na disputa interna da sigla.
É exatamente como eu já havia dito que seria: Renan Calheiros era dúbio no discurso, enquanto maquinava para ser presidente. Se desse certo, tinha discurso. Se desse errado, também.
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