O deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB), me respondeu, lá no twitter, sobre a crítica que fiz neste blog em relação ao seu discurso como candidato à presidência da Câmara de Deputados. 

Ele pontua que seu discurso diz respeito apenas as prerrogativas dos parlamentares. Sendo assim, ele está correto nesse ponto. 

Mas, antes de destacar pontos da resposta, dois breves apontamentos:

1) Eu mantenho a crítica que fiz ao discurso anterior do parlamentar. O discurso foi vago e impreciso quando ele colocou que estava pronto para ser um advogado de um deputado federal até nos tribunais superiores caso estes fossem alvo de ameaças, desrespeito ou ataques. Afinal, isso depende de entendimento de contextos para que não ocorra o absurdo de até nota de censura já ter sido enviada a um humorista por conta de uma piada com um parlamentar e este entender que foi "atacado". Logo, cobrei mais clareza do deputado JHC ao mesmo tempo que afirmei que, se ele fala apenas das prerrogativas da função, é a isto que ele deveria pontuar. 

2) JHC disse que eu deveria tê-lo procurado como manda o "bom jornalismo". Não, eu não precisaria consultá-lo e expico: eu precisaria procurar o parlmentar se eu estivesse apurando um fato. Aliás, o que sempre fiz quando trata-se de apuração de fatos. Inclusive, por diversas vezes já liguei para JHC quando apurava fatos o envovendo. Ele sempre foi muito solicito comigo e com a imprensa, registre-se. Acontece que o FATO em si já estava dado e foi divulgado pela jornalista Vanessa Alencar, no blog dela. Então a declaração do deputado já existia. O parlmentar fez um discurso com as exatas palavras que aqui retratei. Logo, o que fiz não foi uma apuração de um fato, mas sim uma análise do discurso dele. Não é uma apuração de um fato. E aí, pontuei uma crítica. Para essa análise - que configura um artigo de opinião - eu não preciso procurar ninguém, desde que respeite os fatos aos quais me refiro. É o que fiz, como manda o bom jornalismo. 

Então, o bom jornalismo foi feito. 

Mas, vamos ao ponto:

JHC, como afirmei no início, destaca que se referia apenas ao que são as prerrogativas do mandato do deputado estadual, não sendo ele um "advogado" para além disso. Nisso, ele está absolutamente certo. Afinal, é sim a preocupação de um presidente de Poder Legislativo defender as prerrogativas de todos na busca pela altivez do Poder. É que tais prerrogativas não pertencem a uma pessoa, mas ao cargo. 

Agora, com um discurso mais claro, é possível afirmar: JHC acerta no que pensa, mas errou no que falou. Ele consegue, agora, definir o que antes estava vago no discurso. Se é assim o entendimento, então está dentro até mesmo daquilo que eu havia previamente posto em meu texto. 

Eis o que escrevi no primeiro texto:

"O parlamento não precisa de um presidente que seja advogado de cada um dos deputados federais. Muito menos que este presidente abdique de suas funções para ir fazer sustentação oral em tribunais superiores. O palamento precisa de um presidente que trabalhe para recuperar a credibilidade do Congresso, sabia direcionar a pauta, dar espaço às diversas correntes de pensamento que o forma, e manter a relação de independência e harmonia entre os poderes.

Claro, fará parte do presidente também a defesa das prerrogativas de seus pares para que tenham o justo julgamento por suas ações, sejam internamente – como na Comissão de Ética – ou externamente. Mas isso não é um corporativismo irrestrito. Portanto, essa história de atingiu um deputado, atingiu o plenário ou “mexeu com um mexeu com todos” é o tipo de falácia que fica bonitinha na boca de atores globais". 

Em outras palavras, já havia reconhecido que naquilo que diz somente à defesa das prerrogativas, faz todo o sentido. Que bom que JHC coloca publicamente que é a isso que se refere. A liberdade agradece esta clareza de agora. 

Que fique claro que a crítica foi pontual. Não é pessoal. 

Elogiei JHC no texto passado em muitos momentos. Reitero esses elogios, pois de fato é um político que oxigenou a bancada alagoana e foi atuante em muitos momentos e com pautas importantes. É que já havia feito questão de não ser injusto. Assim, frisei que a crítica - que segue mantida - é apenas ao discurso vago, impreciso e com explicações a serem dadas. Estas, agora, estão postas. 

Afinal, lá na frente o próprio JHC poderia ser cobrado  às defesas mais exdrúxulas quando um parlamentar se sentisse ofendidinho. Mas, ainda bem, não é isso que JHC pensa.

Então, JHC acerta ao restringir o discurso amplo para um foco que deve ser função do presidente também: as prerrogativas do cargo e não da pessoa. 
 

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