Resta pouco menos de um mês para se saber quem será o próximo presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. Conforme os bastidores, um grupo com mais de 20 deputados estaduais já bateram o martelo: votarão e Marcelo Victor (Solidariedade). 

Do outro lado da disputa, está o Palácio República dos Palmares. O governador Renan Filho (MDB) não quer Marcelo Victor no comando. Deseja eleger o tio Olavo Calheiros. É mais "tranquilo e favorável" ao ritmo do governo...

Renan Filho joga pesado. 

Exonerou - por exemplo - Melina Freitas da pasta da Cultura. Freitas era tida como "intocável". Tanto que sobreviveu a diversas pressões no primeiro mandato do governador emedebista. Sua nomeação foi questionada por movimentos do setor, pelo Ministério Público Estadual e por parcela da imprensa devido escândalos que a envolvem, quando ela foi prefeita da cidade de Piranhas. 

Freitas esteve em terreno adverso, mas Renan Filho suportou pressões. Todavia, agora não se trata de pressão, mas sim do jogo do poder político. O governador quer ter um controle maior do parlamento estadual. Que terá uma base governista ampla, ninguém duvida. Porém, com Marcelo Victor na presidência, a tendência é um parlameto menos dependente e com maior poder de barganha pauta por pauta. Se o presidente fosse Olavo Calheiros (MDB) - tio do governador - tudo "estaria em casa". 

Não se trata nem de comparar Marcelo Victor com Olavo Calheiros. Trata-se da correlação de forças entre Executivo e Legislativo. São muitos os deputados que querem fugir da forma de diálogo que o governo teve com o parlamento no primeiro mandato. Marcelo Victor tem um perfil de bastidor, silencioso, com poucas declarações na imprensa, mas eficiente em negociações com os pares. 

Por suas biografias, os dois deputados estaduais na disputa pelo comando da Casa são extremamente questionáveis. Calheiros e Victor possuem suas máculas que não resistem a uma pesquisa no Google. Todavia, de um lado, o Executivo busca o melhor para si. Do outro, deputados buscam o que garantirá seus espaços nos embates políticos. 

Em público, Renan Filho tenta dar um clima de tranquilidade às exonerações, ao mesmo tempo em que já afirmou, que a montagem definitiva do secretariado vai depender das negociações com o novo parlamento composto em fevereiro. Portanto, os nomes que assumem no lugar dos exonerados - a exemplo de Paulo Poeta no lugar de Melina Freitas - não são seguros ainda. Estão como "tampão". Tudo dependerá de como a coisa andará até lá. 

Nas redes sociais, o governador destacou: "Gostaria de agradecer aos secretários Melina Freitas e Fernando Pereira (da turma da deputada Jó Pereira) pelo trabalho realizado. Desejo sorte aos novos secretários: Paulo Poeta assumirá a Cultura e Edenilza Chagas o Desenvolvimento Social, ambos possuem capacidade técnica e disposição para a tarefa". 

Não se trata de questionar a capacidade técnica de quem assume. Podem sim realizar um bom trabalho em suas áreas e torço para isso, mas de entender que tal mudança é uma resposta ao parlamento estadual. Quem não estiver com os Calheiros, estará fora. E estar com os Calheiros parece mesmo ser apoiar Olavo Calheiros na disputa do parlamento estadual, ao menos nesse instante. 

Em relação à Melina Freitas, é interessante observar a reação da ex-secretária em suas redes sociais. Para bom entendor meia palavra basta. A ex-titular da Cultura fez questão de firsar que sai do governo "com paz no coração e cabeça erguida". Contou com o apoio de  - em sua postagem - de deputados estaduais (atuais e futuros) como Jairzinho Lira, Angela Garrote, Bruno Toledo (este um dos ferrenhos opositores do governo). 

A fala de Freitas é sintomática. "A consciência do dever cumprido e os resultados alcançados, me enchem de orgulho e de gratidão. Isso me estimula a persistir em busca de sonhos e de mais projetos inspiradores! Fé em Deus, paz no coração e cabeça erguida. Estarei sempre trabalhado para colaborar por uma Alagoas cada vez melhor". 

Mellina Freitas paga o preço pela decisão do deputado Inácio Loiola. Assim como Fernando Pereira paga o preço pela decisão de Jó Pereira.  É o jogo...

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