O primeiro filme que se tem conhecimento do cinema alagoano é "Casamento é Negócio?", de 1933, desenvolvido por Guilherme Rogato. Feito com intérpretes amadores e uma qualidade igualmente não profissional, ele tem importância histórica por ter sido o primeiro longa metragem desenvolvido no estado e atualmente está em estado de conservação bem precário, mas localizado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
Curiosamente, depois dos créditos há um pedido de desculpas pelas falhas técnicas, assim como um pedido de compreensão diante do esforço efetuado por um grupo modesto de Alagoas em favor da cinematografia nacional.
A trama gira em torno de uma moça que ambiciona um homem rico, mas é realmente apaixonada por outro que é pobre. Por ser considerado um tema polêmico, ele foi censurado no dia 8 de fevereiro, mas dois meses depois, em 3 abril de 1933, foi exibido pela primeira vez no Cassino Capitólio, em Maceió.
Antes disso, havia algumas tentativas de filmagens, sendo a primeira de 1921, também de Rogato, filmando o carnaval, pontes e futebol, dentro do que hoje é conhecido como o "cinema experimental".

De acordo com uma matéria produzida pela Gazeta Web, filiada a Rede Globo, há um desejo de muitos cineastas de restaurarem a obra de Rogato, apesar de ainda estar apenas no campo das ideias.
"Acabamos de receber uma proposta do Tela Tudo Clube de Cinema para a recuperação do filme de Rogato, considerado a primeira produção de longa-metragem genuinamente alagoana”, conta Vinícius Palmeira. “Ainda não temos o levantamento das condições e do que restou do legado de Guilherme Rogato, mas marcamos uma reunião com o grupo e estamos dispostos a envidar esforços junto às fontes de financiamento do audiovisual para a viabilização desse trabalho. A participação da sociedade civil organizada de qualquer segmento, que apresente propostas de recuperação de registros da memória, é importantíssima”, afirma o titular da FMAC.
A maior parte das produções de Rogato são documentários que ficaram desconhecidos do grande público, mesmo aqueles que trabalham com o cinema, devido aos poucos recursos governamentais. Na época de sua morte, em 1966, já havia uma empresa cinematográfica no estado chamada Caeté Filmes do Brasil, e ela desenvolveu o longa "A Volta pela Estrada da Violência", que ficou restrito a Alagoas e não chegou ao Brasil inteiro por ter sido filmado em preto-e-branco em uma época que já existiam filmes coloridos.
Mesmo com toda a tecnologia atual, ainda são raros e imprecisos os dados sobre o cinema alagoano, tendo uma ou outra produção ao longo de todo o século XX, reflexo também do baixo investimento do Brasil, em especial se comparado a outros países, no cinema. Vale lembrar que a grande maioria dos longas nacionais foram, e ainda são, produzidos em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas desde o surgimento do cinema há forte presença dos filmes internacionais, em especial os norte-americanos.
Mesmo precários, as poucas produções dão sua contribuição para a história do cinema nacional.










