De acordo com a Folha de São Paulo, o Partido dos Trabalhadores (PT) deve submeter - nos próximos dias - um documento produzido pelo partido que teria um tom de autocrítica.
Mas, a julgar pelos trechos divulgados pelo jornal, o PT segue em sua "bolha ideológica" e parece não saber - ou finge não saber, para manter a narrativa! - o que levou a sigla a um desastre.
Culpas cairão - conforme a reportagem - no colo da ex-presidente Dilma Rousselff. Quanto a Lula...bem, ele é quase um santo...
A hegemonia que o partido buscou construir ruiu. Informações que antes eram escondidas, como os planos do Foro de São Paulo no apoio a ditaduras como a da Venezuela e Cuba, e o método da corrupção como estratégia de poder, associada a ocupação dos meios culturais com as táticas gramscianas, se tornaram visíveis.
Os principais líderes do PT - como Zé Dirceu e Lula - estão condenados por "méritos" próprios, em virtude do que planejaram e executaram. É o maior escândalo de corrupção da História do país envovendo o PT e seus aliados. Claro, não foi o PT que inventou a corrupção. Mas foi o PT que a levou a níveis estratosféricos dentro de um projeto de poder, como dito ainda no julgamento do mensalão.
Depois do mensalão, o petrolão e outros esquemas - que podem ser colocados na perspectiva dos interesses da legenda - colocaram na luz do sol a face que o PT escondia. Sem contar que, dentro do estamento burocrático do país, estava acostumado a disputar o poder entre siglas que rezavam nas cartilhas da esquerda revolucionária ou da social-democracia (que é uma visão de esquerda também), como é o caso do PSDB. Os tucanos sempre foram a oposição flácida que o PT tanto queria.
Mas, apesar disso tudo, o PT - na política do "nós contra eles" - insistiu em narrativas que foram se esfacelando com o tempo, como ainda usam o vocábulo "golpe" para falar de um impeachment que teve todo o seu rito constitucional. Nesse caminho, xingar toda discordância de "fascista" ou "extrema-direita" não ajudou em absolutamente nada. Ao contrário.
A cada novo escândalo, lá estava o PT como protagonista, lá estava mais uma narrativa sendo desmontada. Na reta final, o todo poderoso Zé Dirceu ainda ressurgiu na mídia como conselheiro petista a falar em não simplesmente ganhar uma eleição, mas tomar o poder. A engrenagem de seus intelectuais orgânicos - envolvendo artistas e outros - acabou sendo ridicularizada.
Mas para o PT - e isso está nas entrelinhas dos trechos colocados pela Folha de São Paulo - o problema foi não ter feito uma reforma política e ter ficado dependente de partidos tradicionais. Ué, queriam o sistema de partido único? Isso é a mais pura ditadura, que despreza e demoniza por completo qualquer oposição. É de deixar Stalin e outros com inveja. Só não é tradicional se concordar com o PT?
O PT ainda se coloca como vítima de um "terrorismo cultural". Pronto. Então, todos aqueles que criticaram o PT pelos seus erros - e muitos no campo da esquerda, diga-se de passagem - são terroristas. Terrorismo é enviar bilhões do dinheiro do contribuinte, via caixa-preta do BNDES, para financiar os planos do Foro de São Paulo.
Terrorismo foi o petrolão. Terrorismo é a engenharia-social ideológica que afronta os valores da maioria da população com imposições de agendas para a promoção do aborto, a ideologização do ensino, dentre tantas outras.
Há ainda trechos que - conforme Folha - não são consenso, como reconhecer o "erro" de ter elogiado a Operação Lava Jato durante a campanha. "Sacumé", o líder presidiário Lula foi vítima dessa operação de "extrema-direita", né? Afinal, nunca houve viva alma mais honesta no mundo...
Para o PT, em sua fantasia ideológica, o partido foi alvo das forças que tentam calar as "classes trabalhadoras". Mas esquece de dizer que foram as políticas heterodoxas adotadas pelas gestões de Dilma Rousselff que resultaram em milhões e milhões de desempregados e no desaranjo das contas públicas. A narrativa do PT não se sustenta diante da realidade...
O documento deve até atacar Ciro Gomes (PDT), ainda conforme a Folha, por tentar construir uma esquerda sem o protagonismo ou presença do PT. Não se espantem se a carta ainda falar da ofensiva imperialista contra a Venezuela...
No final das contas, a autocritica do PT é a seguinte: como alguém ousa criticar o partido detentor do monopólio das virtudes? Pois é...
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