Todo governo (não importa qual, muito menos o viéis ideológico) deve ser vigiado, acompanhado e criticado em sentido amplo. Ou seja: na percepção de que criticar não é simplesmente falar mal, mas – antes de tudo – avaliar o que é positivo e/ou negativo e, desta forma, reconhecer acertos e apontar erros.
Com o presidente eleito Jair Messias Bolsonaro (PSL) não é diferente. Logo, há indicações feitas para ministérios que não me agradaram, como na questão da Saúde. Luiz Mandetta, do Democratas, tem muito a explicar. Tanto que muitos eleitores de Bolsonaro criticaram a nomeação.
Todavia, no dia de ontem, o presidente eleito fez o maior acerto entre suas indicações: o nome do professor Ricardo Vélez Rodriguez para o Ministério da Educação. É possível discordar das visões de Vélez, mas jamais por em dúvida a sua competência.
Eu já era um leitor do ministro e admirava a sua obra. Não li todas. Indico aos meus leitores, que ainda não conhecem quem seja Vélez, que leiam O Patrimonialismo Brasileiro em Foco, que é uma coletânea do filósofo Antonio Paim, em que Vélez aparece com um texto surpreendente.
A obra ataca a elite burocrática que tomou conta do nosso país e sempre acredita que, dentro do nosso nefasto pacto federavito, que concentra poder em Brasília e não onde de fato as pessoas vivem, pode impor soluções mágicas de cima para baixo, sem antentar para detalhes das regiões do país. Sem entender plenamente o tecido social.
Esta visão pode muito bem ser transferida para a Educação, promovendo uma relação de ensino e aprendizagem que seja o primeiro passo para sairmos da profunda decadência intelectual e moral que vivenciamos. Vélez tem um profundo conhecimento da área.
O fururo ministro é profundo conhecedor da filosofia das ciências e, no que diz respeito à filosofia política, desenvolve pesquisas sobre liberalismo e socialismo. São várias as obras publicadas. Chama atenção a forma como entende de Tocqueville e democracia, passando pelos conceitos do socialismo doutrinário e da social-democracia.
Vélez é também autor de estudos sobre história da cultura, da política, moral, religião e – como já dito – filosofia. Em outras palavras, transita por todas as áreas do conhecimento e ainda tem a vivência da docência, bem como entende do patrimonialismo e do estamento burocrático que forma o nosso Estado. Isto faz com que possua as ferramentas para lidar com o Ministério e fazê-lo andar com qualidade.
Creio que uma das linhas de seu trabalho será o de combater o viéis ideologizante da Educação sem esquecer de outros problemas tão graves quanto, como a estrutura, a valorização profissional e do conhecimento e participação da família no processo. Vélez entende – pelo que se percebe de seu pensamento – que é preciso focar na educação básica, visando melhorar a situação destas nos municípios, que é de fato onde as pessoas vivem, descentralizando e construindo uma grade que permita educar para a vida e para a cidadania.
O futuro ministro enxerga o professor como um mediador essencial, mas ressalta o papel da estruturação familiar na educação da criança no ciclo básico. Isto pode estimular políticas integradas que criem uma escola mais participativa e que envolva a comunidade (os pais). Cito uma de suas frases: “A crise da família é um dos nossos grandes problemas. (...) Uma escola que permite a discriminação das crianças por aparência, sexo, cor ou classe social, deseduca em termos éticos."
Vélez também defende a presença da arte no processo educacional como um resgate de uma alta cultura, trazendo clássicos para dentro da Educação e quebrando a visão elitista que se tem sobre o que de belo já foi produzido pela humanidade, como Shakeaspeare, Bentoven e por aí vai...
Se esse intelectual ímpar colocar todo o seu conhecimento a serviço do país, podemos ter um grande salto de qualidade nos próximos anos. Eis uma educação que muito me agrada. Acertou Bolsonaro.
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