Em janeiro deste ano, o governador Renan Filho (PMDB) assinou uma ordem para que a compra de bloqueadores de celular fosse efetuada, com a intenção de impedir que o sinal das redes alcançasse os presídios do estado. Meses depois, quase todas as unidades prisionais de Maceió já contavam com o sistema, que tem como objetivo principal prevenir que aparelhos telefônicos sejam usados dentro das celas.
Mas para os moradores dos conjuntos próximos aos presídios a medida de segurança tem causado grandes transtornos. De acordo com Daniel Paulino, de 21 anos, que reside nas proximidades do Cadeião [situado na parte alta de Maceió], os bloqueadores de sinal também interferem na vida cotidiana da comunidade da região, que não conseguem utilizar os aparelhos e suas funções.
“Moro praticamente em frente ao cadeião e na rua o celular já não funciona. Saiu de casa não tem área. Não conseguimos olhar os aplicativos de ônibus ou fazer uma ligação de emergência em caso de necessidade. É muito complicado. Só tem um cômodo da casa em que o celular funciona, então tudo eu faço nele” explicou.
Ainda segundo Daniel, essa situação se arrasta há três meses e atinge todas as operadoras de celular.
Márcio Antônio, de 41 anos, também reside na região e relatou que teve que parar de trabalhar de motorista de Uber por causa do problema com os bloqueadores. “Tive que parar. Quando chegava aqui na área o celular já não funcionava, eu precisava ir pra outra região da cidade pra começar e encerrar o expediente, mesmo tendo um carro na garagem. É muito difícil conviver com o problema” disse.
Em entrevista, o coronel Marcos Sérgio de Freitas, secretário de Estado da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), informou que os equipamentos – adquiridos via Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) – servem para reforçar as ações de combate ao crime organizado em Alagoas.
Em nota, a Seris informou que estão sendo feitos ajustes para que os bloqueadores de sinal de celular e outros aparelhos que permitem a comunicação externa operem exclusivamente no Complexo Prisional de Alagoas.
De acordo com o órgão, estudos técnicos e testes são feitos diariamente para que os moradores da região não sejam prejudicados. A Secretaria também reiterou a importância dos bloqueadores para garantir a segurança dentro e fora dos presídios, inibindo ações criminosas.
*Estagiária com supervisão da editoria.









