O presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), Izaías Barbosa, lamentou a mudança do jornal impresso Gazeta de Alagoas, que deixará de ter edições diárias e passará a ser semanal.  O anúncio foi feito na página do próprio impresso na manhã desta sábado (10) e, apesar de ter sido um assunto especulado durante a semana nas redes sociais, deixou profissionais e eleitores surpresos.

De acordo com o presidente, o sindicato não sabia da mudança, oficialmente, e as informações que tinham eram apenas os boatos que circulavam nas redes e no meio jornalistico. O órgão procurou conversar com a empresa, mas eles não tinham nenhuma posição a respeito. A confirmação aconteceu após uma ligação na noite desta sexta-feira (9), na qual a diretoria deixou marcada uma reunião do Sindjornal com  o superintendente da Organização Arnon de Mello, Luis Amorim.

Em entrevista ao Cada Minuto, Izaías Barbosa disse que a mudança é encarada com tristeza, “É uma pena que uma empresa com 88 anos de existência tenha que tomar uma decisão como essa. A gente lamenta muito esse fato!”, declarou.

O presidente do Sinjornal também demostrou preocupação com possíveis demissões de profissionais, diante da nova fase da publicação.

“Não temos ideia ainda se haverá demissões ou quanto profissionais serão demitidos. O sindicato só terá essa informação após nos reunirmos com a direção, que já está marcada”, disse Barbosa.

Em nota divulgada na edição deste sábado, o Jornal Gazeta de Alagoas disse que a mudança é “a evolução natural dos meios de comunicação, em que o jornalismo está sendo completamente transformado”.

Para Izaías Barbosa, o jornal impresso tem sua importância e sua permanência não é desvalorizada pela web, pois ainda vigora em muitos países.

“Não concordo que o jornal impresso está falido e não deve funcionar mais como mídia. Deve sim, e em toda parte do mundo você tem impresso.  A web, ela não inviabiliza o impresso, que assim como a TV é importante como qualquer outra mídia”, acrescentou.

Segundo Barbosa, uma reunião com a diretoria do Jornal está marcada para a próxima segunda-feira (12), e o Sindjornal irá se informar oficialmente dos detalhes e checar o possível número de profissionais demitido. A possibilidade de alguns funcionários serem remanejados para outras empresa do Grupo Arnon de Mello, também será conferida pelo sindicato.

Com a mudança na circulação do Gazeta de Alagoas, apenas o Jornal Tribuna Independente, que é uma cooperativa de jornalistas, mantém edição diária de impresso em Alagoas.

Abaixo, leia o anúnio da Gazeta divulgado na capa da edição deste sábado e a nota oficial do Sindijornal.

 

" Neste momento desolador para a história do jornalismo alagoano, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Alagoas (Sindjornal) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) manifestam total e irrestrita solidariedade a todos que fazem parte da Organização Arnon de Mello (OAM), em especial aos que trabalham, diariamente, no Jornal Gazeta de Alagoas.

Com 88 anos de existência o maior jornal diário de Alagoas passa a ser semanal, a partir deste sábado (10), deixando uma lacuna em toda a sociedade alagoana.

Merecem todo o apoio e respeito os profissionais que, ao longo dos últimos anos, foram muito além do seu papel de funcionários, fizeram concessões e sacrifícios por compreender a importância de manter o impresso funcionando. Com paciência e muito trabalho, viram seus direitos como hora-extra e FGTS serem negligenciados pela empresa, mas sempre optaram pelo diálogo e a manutenção do veículo, que sempre foi entregue, pontualmente, e com qualidade ao leitor.

Por outro lado, a gestão continuou ignorando os sinais de mudança do mercado e deixou que as dificuldades se agravassem, chegando ao fim que agora se apresenta.

Repudiamos a decisão de abrir mão de um legado que faz parte da história de Alagoas, ao invés de buscar soluções para viabilizar a empresa.

Prioritariamente, o Sindjornal já acionou o seu departamento jurídico e vai trabalhar incansavelmente para garantir que todos os direitos dos trabalhadores sejam respeitados. Sobre as possíveis demissões, o sindicato espera que sejam apenas boato. Porque não é justo que pais e mães de família que dedicaram tanto trabalho à empresa sejam penalizados por erros que não cometeram."

 

*Estagiária sob suprevisão da editoria

Matéria atualizada às 14h10